02/03/2008 - 13h58

Cientista defende criação de alternativas econômicas para trabalhadores na Amazônia

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Academia Brasileira de Ciências (ABC) está desenvolvendo um estudo amplo sobre o desenvolvimento da Amazônia, que será apresentado ao governo até o final do ano. O objetivo é encontrar um modelo que garanta progresso econômico sem agressão ao meio ambiente, segundo o vice-presidente da ABC para a região Norte e diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Val.“A ABC montou um grupo de estudos para fazer uma proposta sobre o desenvolvimento da Amazônia. Um ponto importante é que nós não temos nenhum país tropical desenvolvido no mundo. Portanto, nós vamos ter que desenvolver um modelo, pois não há nenhum a ser adaptado ou copiado às nossas condições.”O diretor do Inpa disse que é preciso haver pesquisas científicas e também ações de governo para criar alternativas econômicas para os milhares de trabalhadores que hoje vivem unicamente da extração de madeira. “O desafio é viabilizar ações de inclusão social com a manutenção da floresta em pé. Na medida em que as pessoas não têm alternativa, o que elas encontram é destruir a floresta, buscar madeira para vender. Derruba um pé de mogno para comprar comida”.Entre áreas que podem ser desenvolvidas, segundo o diretor do Inpa, estão as de biotecnologia, biocosméticos, medicamentos e criação de peixes. “Nós temos uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, que é muito pouco explorada do ponto de vista da produção de proteínas, que pode ser utilizada na alimentação”.Val disse que já existem alternativas para serem utilizadas no curto prazo, faltando apenas decisão política. “O Inpa e outras instituições da região têm um conjunto de produtos e processos aptos a serem transferidos à sociedade, para viabilizar a inclusão social. Para isso, precisamos observar o zoneamento agro-ecológico-econômico, utilizar neste momento as alternativas que já existem e o estado tem que estar mais presente. A população vai continuar crescendo, gerando pressão sobre a região. É preciso agir de forma integrada, ter uma instância de governo para cuidar especificamente das ações na Amazônia.”O pesquisador do Inpe Carlos Nobre também defende a necessidade de se descobrir um novo modelo para regiões tropicais úmidas com florestas. “A não existência de um país tropical desenvolvido nos faz procurar desenvolver a Amazônia com parâmetros que não funcionam para regiões tropicais. Não está funcionando na Amazônia, nos países tropicais africanos, nem nos do sudeste da Ásia. Como aproveitar a riqueza natural dessas regiões, principalmente da biodiversidade, trazendo valor econômico à floresta? Isso ninguém descobriu ainda no mundo, precisa ser inventado.”Nobre reconhece que o Brasil está atrasado nesse debate, pelo menos desde os anos 70, quando o regime militar decidiu integrar a Amazônia ao resto do país, com a abertura de estradas como a Transamazônica e o incentivo à colonização agrária. “No momento em que se decidiu integrar economicamente a Amazônia ao resto do Brasil, não se pensou na possibilidade de que existia um outro modelo, que se baseasse na riqueza da biodiversidade. Os planejadores militares pensaram na Amazônia como a extensão de um modo de desenvolvimento agrícola que existia no resto do Brasil. Era um modelo inimigo da floresta, vista como um obstáculo ao desenvolvimento.”Segundo o pesquisador do Inpe, o combate ao desmatamento ilegal não vai causar grande impacto econômico na região, como alegam os madeireiros, porque os dois maiores contribuintes à economia são a Zona Franca de Manaus e a exploração mineral, principalmente minas de ferro. “A madeira e a pecuária são importantes para o PIB [Produto Interno Bruto], mas muito menores. O que se quer é que uma parte das áreas já desmatadas seja convertida para a agricultura moderna, que produz quatro vezes mais, com a metade da área desmatada.”De acordo com odiretor do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, devem ser divulgados nos próximos dias os últimos dados sobre o desmatamento na Amazônia. Ele não quis adiantar quais são osresultados do levantamento, correspondente ao mês de janeiro. Durante evento no Rio de Janeiro, disse apenas queestão sendo feitas as análises finais dos dados e prometeu liberar asinformações ainda no início deste mês.

02/03/2008 - 13h49

Pesquisa da USP não revela aumento de tireoidite perto de pólo petroquímico

Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Pesquisa realizada entre 2004 e 2005 pelo grupo da Unidade de Tireóide do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), não constatou maior incidência de tireoidite de hashimoto (TH) na região do Pólo Petroquímico do Grande ABC, em Santo André. A suspeita é investigada pelo governo paulista e pelo Ministério Público.O estudo foi iniciado após informações divulgadas por uma médica endocrinologista, de vários casos da doença em seu consultório particular, em Santo André, oriundos da população residente no entorno das empresas petroquímicas da região. O objetivo foi analisar se havia ou não prevalência na área, em comparação com uma região de São Bernardo do Campo, também com grande quantidade de indústrias, chamada de área-controle.“Na área do pólo, 15,6% dos pesquisados apresentava sinais confirmando tireoidite crônica autoimune [tireoidite de hashimoto], comparativamente a 19,5% na área-controle. A presença de hipotireoidismo foi confirmada em 4,9% da população da área do pólo e 8,3% na área de São Bernardo do Campo”, diz o estudo da USP, coordenado pelo professor do Departamento de Clínica Médica da USP e presidente do Instituto da Tiróide (Indatir), Geraldo Medeiros Neto. Foram avaliadas 420 pessoas na área do pólo e 409 em São Bernardo.O estudo conclui que a maior prevalência de TH em ambas as áreas é “provavelmente decorrente da elevada ingestão nutricional de iodo” durante os anos de 1998 a 2004 e que uma “suposta conexão" de maior prevalência epidemiológica de TH com proximidade com o Pólo Petroquímico é "improvável”.Em maio de 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a redução do teor de iodo no sal: de 20-50 mg/kg (microgramas por quilo) para 20-60.A Secretaria da Saúde de São Paulo não quis se pronunciar sobre a pesquisa do Hospital das Clínicas.

02/03/2008 - 13h31

Petroquímicas do ABC cuidam da saúde dos trabalhadores, diz representante

Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O gerente executivo da Associação das Indústrias do Pólo Petroquímico do Grande ABC (Apolo), Sidney dos Santos, afirma que as empresas da região têm um longo histórico de operação e de programas de preservação ambiental, saúde ocupacional e segurança operacional. Ele nega que haja, entre os 5 mil trabalhadores do pólo, maior incidência da doença tireoidite de hashimoto (TH), suspeita investigada pelo governo paulista.“Nós não temos uma identificação específica de TH, mas temos, entre nossos médicos de trabalho, registros de casos de funcionários com problemas de tireóide. Pelos dados que temos, a incidência em nossos trabalhadores não difere de números identificados em qualquer população de trabalho de outra atividade e em qualquer região”, argumenta.Para o gerente, a própria conclusão dos estudos da Secretaria admite a necessidade de investigação mais profunda. “Inclusive avaliando outros fatores não só ligados ao ar, como qualidade da água, hábitos alimentares de uma forma mais detalhada”.O Pólo Petroquímico de Capuava, conhecido Pólo Petroquímico do Grande ABC, foi instalado em 1954. Abrange 14 empresas que produzem produtos como etileno, propileno e polietileno, matérias-primas essenciais para a fabricação de resinas, borrachas, tintas e plásticos, entre outros produtos.Sidney dos Santos garante que as empresas do pólo têm total interesse em identificar a causa da doença na região e pondera que um estudo anterior, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), teve "um resultado diferente”.O Instituto da Tiróide (Indatir), instituição sem fins lucrativos que reúne especialistas em problemas ligados à tiróide, informa em seu site que a única relação da doença com problemas ambientais refere-se a metais. “Poluição ambiental com metais pesados como mercúrio e chumbo, em animais de laboratório, podem alterar o equilíbrio do sistema imunitário e desencadear reações auto-imunes. Outros produtos químicos como hexa cloro benzeno (e similares) também alteram o sistema imunitário. Na há, contudo, referências na literatura médica sobre tireoidite de hashimoto sendo induzida por poluentes ambientais”.A médica Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia da Unidade de Tireóide do Hospital das Clínicas, também não vê essa relação, mas afirma que aumentou o número de casos da doença no Brasil. “Toda a população está com maior chance de sofrer de tireoidite. Antes de 2003, havia um consumo excedente de iodo e sal, e isso ocasionou um aumento dos casos. Uma vez alterado o sistema imunológico, não adianta reduzir porque o sistema já está adulterado e comprometido”.O estudo, coordenado pela Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente (Doma) e pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgãos da Secretaria de Saúde de São Paulo, apontou que 9,3% da população investigada no entorno do Pólo Petroquímico (781 pessoas) apresentou casos de TH, contra 3,9% das 752 pessoas investigadas em outra área industrial da Grande São Paulo, mas predominantemente metalúrgica: Diadema.

02/03/2008 - 13h26

Obras do Projeto Iguaçu incluídas no PAC começarão esta semana no Rio

Ana Luisa Marzano
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Asobras do projeto Iguaçu, financiadas pelo Programa de Aceleração doCrescimento (PAC), serão iniciadas na próxima quinta-feira (6) em BarroVermelho, município de Belford Roxo (RJ). ASecretaria de Habitação do Estado do Rio de Janeiro trabalhará emconjunto com a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas(Serla). As principais ações serão a construção de 252 apartamentos,titulação de unidades habitacionais, implantação das redes de água,esgoto e estação de tratamento, instalação de coleta de lixo, criaçãode áreas de lazer e desassoreamento de rios da região. O presidente daCompanhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab), Luiz Fernando Anchite, afirma que o objetivo principal do projeto é a melhoria dosaneamento básico da região."OProjeto Iguaçu é um projeto encabeçado pela Serla para fazer osaneamento dos principais rios da Baixada: Sarapuí, Iguaçu e Botas. A companhia é responsável pela remoção da população ribeirinha,para que a Serla possa fazer o saneamento. Essas pessoas serãoencaminhadas para unidades habitacionais que serão construídas em cinco empreendimentos em Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu e São João de Meriti."Oprojeto arquitetônico e urbanístico idealizado por técnicos dacompanhia foi premiado pela Caixa Econômica Federal. Segundo Anchite,os imóveis trazem "vida nova" a essa população. "Normalmenteas casas construídas em programas de habitação popular são de 30 metrosquadrados. Então, imagina uma pessoa que mora na beira do rio, em umcasebre miserável, ir morar numa construção de 49 metros quadrados, comágua, luz, enfim, com todas as condições de civilidade. Os imóveis sãoclaros, bem distribuídos".Segundoa Secretaria de Habitação, o valor contratado da obra é de R$ 11,4milhões, com prazo de término previsto para 24 meses, geração de cemempregos e aproveitamento da mão de obra local.

02/03/2008 - 11h41

Fundações de apoio privatizam atividades universitárias, avalia dirigente do Andes

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cursos pagos sobre temas que deveriam ser tratadas em disciplinas oferecidas no currículo de graduação. Currículos alterados para adequar uma faculdade ou instituto a demandas de uma pesquisa encomendada por entidades privadas. Pesquisas realizadas dentro da universidade pública, mas cujo conhecimento produzido não pode ser divulgado, pois é segredo industrial.Esses são alguns dos fatos que, na opinião da professora e diretora regional do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Solange Bretas, mostram de que forma a atuação das fundações de apoio privatiza as universidades públicas apoiadas.“Na medida em que o estudante tem que pagar taxas dentro da universidade para fazer um curso de especialização, de aperfeiçoamento, que muitas vezes são de assuntos que deveriam estar na grade curricular da graduação, na medida em que os professores que assumem esses cursos pagos, e recebem ali algum salário, alguma bolsa via iniciativa privada, ele transforma a universidade numa instituição em que os professores perdem a força para lutar pelos seus direitos e faz com que o governo introduza cada vez mais elementos da privatização”, afirmou Bretas, em entrevista à Agência Brasil.As pesquisas contratadas por empresas privadas atrapalham o funcionamento da universidade, na opinião da professora, porque os docentes poderiam realizar outras pesquisas de interesse público, em vez de utilizar a infra-estrutura e o prestígio da universidade para fins privados. “Os resultados da pesquisa passam a ser segredo industrial, os contratos assinados proíbem que qualquer um que trabalhou na pesquisa divulgue, use para qualquer outro tipo de coisa, mesmo na universidade”, afirmou.Além disso, Solange Bretas diz que, para cumprir com as encomendas feitas via fundação, muitas vezes as faculdades têm que modificar a sua grade curricular. Isso para se adaptar às necessidades de teoria da pesquisa. “Eles precisam da teoria, e aí a universidade não tem mais autonomia de desenvolver ou de aplicar o seu projeto pedagógico, porque tem que ter um projeto, um currículo voltado para aquele interesse”, diz.“Nós temos casos de denúncias que nos chegaram de professores de universidades, de alguns cursos de universidades que chegam a tirar da grade curricular uma determinada disciplina e oferecem essa disciplina como um curso à parte, de extensão, e cobram via fundação de apoio”, completa.Para Bretas, o que leva a essa forma de privatização da universidade pública é a falta de compromisso do Estado em financiar o ensino e a pesquisa. “O governo acaba deixando ali o professor, como ele não tem incentivo público para isso, acaba se vendendo para a iniciativa privada”, afirma a professora.“O professor usa a estrutura que tem na universidade para fazer pesquisa para iniciativa privada, agora, se ele tivesse recurso público para desenvolver a pesquisa dentro da universidade, certamente ele faria, mas ele não tem”, conclui.Atualmente, existem no Brasil 111 fundações de pesquisa credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC). A Fundação deEmpreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) ligada àUniversidade de Brasília (UnB) é alvo de denúncia do Ministério Públicodo Distrito Federal e Territórios pelo suposto uso indevido de recursosdestinados à pesquisa. A Finatec teria destinado R$ 470 mil à decoraçãodo apartamento funcional ocupado pelo reitor da UnB, Timothy Mulholland. Após a denúncia, o reitor desocupou o imóvel e cinco diretores da fundação foram afastados por determinação da Justiça.

02/03/2008 - 11h20

Fundação contribui para competitividade do setor produtivo, diz administradora

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Transferir conhecimento científico e tecnológico para a sociedade e aumentar a competitividade no setor produtivo. Essas são contribuições dadas pela Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (Feesc), uma das fundações de apoio ligadas à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na opinião da sua administradora judicial, Fátima Regina Ribeiro.“A Feesc também tem papel relevante para o crescimento e prestígio do Centro Tecnológico da UFSC, que jamais teria alcançado tamanho destaque se não tivesse a fundação como parceira na captação de recursos e na sua ágil aplicação”, afirmou por email à Agência Brasil.Nomeada interventora da Feesc, Fátima Regina não comenta as irregularidades que levaram o Ministério Público do estado (MP-SC) a pedir a destituição da então diretoria. Ela se limita a dizer que “a maioria das irregularidades que motivaram a intervenção estava relacionada à ausência de um modelo de gestão que permitisse controlar a instituição de forma mais rigorosa”.A Feesc está sob intervenção judicial desde 26 de fevereiro de 2007. Na época foram afastados dos cargos Júlio Felipe Szeremeta (diretor presidente), Edison da Rosa (diretor vice-presidente), também diretor e vice-diretor do Centro Tecnológico da UFSC, Jorge Mário Campagnolo (diretor tesoureiro) e Antônio Edésio Jungles (diretor secretário).Nesse período, também está sendo realizada uma auditoria para apurar as irregularidades. O prazo da intervenção e da auditoria - que era, inicialmente, de seis meses - já foi prorrogado por mais seis meses. Esta semana foi prorrogado mais uma vez, por 30 dias, para eleição da nova diretoria da fundação.Durante a intervenção, a Feesc manteve suas atividades de rotina, “de forma que continua a captar e gerenciar projetos de pesquisa”, disse Fátima Regina. A interventora ressalta que começou a ser implementado um novo modelo de gestão, que deve dar mais eficiência e transparência ao funcionamento da Feesc. “Com o término da intervenção, no próximo dia 26 de março, a continuidade da implantação desse modelo será de responsabilidade da nova diretoria”, afirmou.Segundo a diretora regional do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Solange Bretas, as irregularidades encontradas na fundação catarinense são as mesmas que, de acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MDFT), existem nas atividades desenvolvidas pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), ligada à Universidade de Brasília (UnB).“Em Santa Catarina aconteceu a mesma coisa: usa-se o recurso da fundação de apoio, que em sua grande parte é público e que as universidades repassam para as fundações sob a alegação de que os recursos só chegam no final do ano e não tem como gastar – se elas não gastam, têm que devolver – então usa-se as fundações de apoio, e esse dinheiro é desviado para comprar presentes, ir a restaurantes, bares e outras coisas mais”, afirma a professora.

02/03/2008 - 10h16

Para Andes, fundações de fomento à pesquisa se tornaram "espaço de corrupção"

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ocorrência deirregularidades no funcionamento de fundações defomento à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico nãoé novidade para o Sindicato Nacional dos Docentes dasInstituições de Ensino Superior (Andes-SN). Para aprofessora Solange Bretas, diretora regional do sindicato, asfundações de apoio, em sua maioria, se tornaram "espaçode corrupção". “A coisa [os casos deirregularidade] já virou uma epidemia”, disse.“Historicamente o Andes tem denunciado o abuso dasfundações de apoio dentro das universidades, na questãoda autonomia, do financiamento”, completou.Ela afirma que asentidades se instalaram dentro das universidades e contam com aconivência dos reitores. “Em vez de os reitoresexigirem do governo o repasse das verbas mensalmente, não, émais fácil passar para a fundação de apoio e elaque se vire; ainda ganham um extra”, afirmou.A comissãoparlamentar de inquérito que investiga o repasse de verbaspúblicas para organizações não-governamentais(CPI das ONGs), aprovou na última quarta-feira (27) os requerimentos de convocaçãotanto do reitor da Universidade de Brasília (UnB), TimothyMulholland, quanto do presidente afastado da Fundaçãode Empreendimentos Científicos e Tecnológicos(Finatec), fundação de apoio privada ligada àUnB.O motivo da convocação é a denúnciado Ministério Público do Distrito Federal e Territórios(MPDFT) de uso irregular dos recursos públicos repassados àfundação.Segundo a professora,as denúncias de má-gestão dos recursos públicosem fundações de apoio são as mesmas desde 2006, quando foi lançado o primeirodossiê do Andes sobre o papel das fundações: “acobrança de mensalidades, de várias taxas, a taxa dematrícula, de administração de recursos públicosque vão para os restaurantes universitários, opagamento a professores que são em dedicaçãoexclusiva e utilizam o seu horário de trabalho e a estruturada universidade para desenvolver projetos via fundaçõesde apoio para a iniciativa privada e recebem por isso”, enumerou.Bretas ainda afirmouque a universidade pública não poderia cobrar, nemmesmo por meio de fundações, taxas para a emissãode diploma e histórico escolar ou para pagamento de cursos depós-graduação.Outra irregularidadeapontada pela diretora sindical é a ocupação decargos na fundação por funcionários dauniversidade apoiada. De acordo com o Decreto 5.205/04, queregulamenta a lei que trata da relação das fundaçõescom as instituições de ensino (Lei 8.958/94), osservidores das universidades podem ocupar cargos na diretoria econselhos das fundações, desde que suasatribuições funcionais não sejam prejudicadas ehaja autorização da universidade.Os fatossurgidos em Brasília, segundo a professora, não sãoisolados. Ela citou o caso de Santa Catarina onde o dinheiro dasfundações – em grande parte público – foiutilizado “para compra de presentes, para freqüentar restaurantes,bares e outras coisas mais”. A entidade está sob intervenção judicial desde fevereiro do ano passado. A interventora da Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (Feesc), Fátima Regina, não comenta as irregularidades que levaram o Ministério Público doestado (MP-SC) a pedir a destituição da então diretoria. Ela se limitaa dizer que “a maioria das irregularidades que motivaram a intervençãoestava relacionada à ausência de um modelo de gestão que permitissecontrolar a instituição de forma mais rigorosa”.Outro caso foi registrado emuma fundação de apoio ligada à UniversidadeFederal de Santa Maria (UFSM) que tinha um convênio com oDepartamento de Trânsito (Detran). Segundo a diretora do Andes, há umadenúncia de que, no ano passado, funcionários dafundação e da própria universidade emitiramdocumentos falsos para o Detran em troca de “agrados”.Umsegundo dossiê sobre as fundações de apoio estásendo preparado pelo Andes e deve ser divulgado em abril.

02/03/2008 - 9h37

Brasil registra 28 mortes causadas por raios este ano

Paloma Santos
Da Agência Brasil
Brasília - O Brasil já registra, apenas no ano de2008, 28 mortes causadaspor raios. Onúmero é 64% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Sóesta semana, as descargas elétricas fizeram sete vítimas.Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aumentode raios no Brasil se deve ao fenômeno La Ninã,resfriamento das águas do Oceano Pacífico que altera acirculação dos ventos de forma global e favorece aformação de tempestades.Deacordo com a Rede Brasileira de Detecção Atmosféricado Inpe, entre julho de 2005 e 2007,as regiões onde mais caíram raios foram Rio Grande do Sul e São Paulo.A rede monitora as mudanças atmosféricas em 9 estados:São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, EspíritoSanto, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sule Santa Catarina. Segundoo coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe,Osmar Pinto Júnior, o alto número de raios em SãoPaulo se deve a atividades humanas como poluição,construções e asfalto que criam “ilhas decalor” e, assim, aumentam a temperatura da atmosfera local efacilitam a formação de tempestades e raios.Jáno Rio Grande do Sul, as descargas são causadas pelaproximidade com o norte da Argentina e do Paraguai, regiões comos maiores índices de tempestade da América do Sul.“Essas tempestades acabam, muitas vezes, migrando para dentro doBrasil, e isso explica a alta incidência de raios lá”,disse.Ocoordenador conta que a média de raios no Brasil é de50 milhões ao ano, e que a possibilidade de uma pessoa seratingida por uma descarga é de uma em um milhão. Elediz que a falta de informação é uma dasprincipais causas de morte por raios. “As pessoas estãomuito mais conscientes em relação aos perigos dosraios, mas ainda existe muita desinformação, e háoutros que subestimam o perigo porque sabem que as chances sãopequenas”.O coordenador do Inpe lembra que algumas medidas preventivas - como evitarficar em locais descampados ou dentro da água (mar, rios,etc.) e não andar descalço - podem ser adotadas durante as chuvas com trovões (raio associado ao som). Além disso, nas tempestades, é preferívelestar dentro de residências, prédios ou veículofechado.“Aspessoas têm que estar atentas e tomar os cuidados necessários.São 50 milhões de raios por ano e 180 milhões depessoas. Então, com tanto raio e tanta gente, apesar de aprobabilidade ser pequena, as mortes ocorrem bastante”, alerta.Ainda de acordo com o coordenador,o aumento na incidência de raios deve continuar em todas as regiõesbrasileiras.

02/03/2008 - 0h46

Governo paulista analisa problema de saúde nos arredores de pólo petroquímico no ABC

Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Secretaria de Saúde de São Paulo divulgou estudo recém-concluído que aponta maior incidência de casos de tireoidite de hashimoto (TH), uma doença autoimune que ataca a tiróide, na região do Pólo Petroquímico de Capuava, localizado em Santo André, no ABC paulista.Em 2002, segundo a secretaria, o Ministério Público pediu esclarecimentos e, desde então, o caso vem sendo observado e estudado pela Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente (Doma) e pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Isso ocorreu após uma médica endocrinologista relatar várioscasos da doença entre a população residente no entorno das empresas petroquímicas deCapuava.“Foi um estudo em que nós tentamos comparar a prevalência da doença no pólo e a prevalência da doença em uma área controle [em Serraria, bairro da cidade de Diadema] de tireoidite de hashimoto. Neste caso, numa área que estivesse fora da influência do pólo, mas que também fosse industrializado”, disse a médica sanitarista Clarice Umbelino de Freitas, que fez parte da equipe responsável pelo estudo.A tireoidite de hashimoto é uma doença autoimune em que [a pessoa] começa a construir anticorpos contra sua própria tiróide, glândula endócrina que realiza importantes funções metabólicas no organismo. “Começa um processo de destruição e o organismo começa a ser agredido pelos próprios anticorpos”, diz a médica Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia daUnidade de Tireóide do Hospital das Clínicas da Universidade de SãoPaulo.Foram examinadas para o estudo 781 pessoas residentes no entorno do Pólo Petroquímico, em bairros das cidades de São Paulo, Mauá e Santo André, e outras 752 pessoas residentes no bairro Serraria, no município de Diadema, região industrializada também localizada na Grande São Paulo e escolhida por ter características semelhantes às do pólo, embora sem indústria petroquímica.“Foi aplicado um questionário a todos os participantes, foi colhido exame de sangue e urina [para dosagem de iodo] e em 10% da população foi colhido sal de cozinha que estava sendo usado naquele dia”, explicou a médica sanitarista.“O que nós encontramos foi realmente uma prevalência um pouco maior no pólo do que na área controle", disse ela, que reconhece não saber o motivo.Outros fatores chamaram a atenção dos pesquisadores, como a elevada taxa de outros tipos de problemas de tireóide e dos níveis de iodo na urina encontrada em ambas as áreas estudadas. “Estes achados precisam ser melhor avaliados”, diz o relatório do estudo.“Nós estamos propondo que [o estudo] continue envolvendo a Cetesb, as universidades, que serão cruciais nessa questão, os municípios e talvez o Ministério Público e as empresas do pólo para que a gente continue a investigar essa questão”, afirmou a sanitarista.

01/03/2008 - 19h58

Ministério nega falta de atendimento em programa de erradicação do trabalho infantil

Lourenço Melo*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Agência de Notícias dos Direitos daInfância (Andi) denunciou durante a semana que 321.944 crianças eadolescentes retirados da exploração de mão-de-obra pelo Programa de Erradicação de Trabalho Infantil (Peti) podem estar sem atendimento socioeducativo, objetivo principal do programa, por falta de atividade no contraturno escolar. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) nega.Segundo a diretora do Departamento de Proteção Especial da Secretaria Nacional de Assistência Social, Valéria Gonelli, como as informações ainda não estão sendo prestadaspor completo, "não é correto dizer que as crianças não estejamrecebendo esse tipo de apoio só porque o Sispeti omite maiores dados". Sispeti é o Serviço Socioeducativo do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. A secretária executiva doFórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Mariade Oliveira, afirma que "com certeza" as crianças não estão freqüentandoas atividades e aponta como solução a fixação de turno integral na escola, de modo a evitar que elas fiquem ociosas sehouver deficiência na prestação de apoio socioeducativo.O programa atende crianças de 5 a 15 anos que freqüentam a escola, com ajuda de custo de R$ 18 mensais no meio rural e R$ 40 na área urbana. Segundo Valéria Gonelli, o objetivo éque elas estudem num turno e no outro, desenvolvam atividadessocioeducativas, que às vezes ocorrem no próprio estabelecimento deensino, ou em outros locais, com apoio de organizações não governamentais (ONGs) ou outras entidades, de forma que tenham todo odia preenchido. A diretora prega a conscientização: "A sociedade precisapensar bem essa questão do trabalho infantil e refletir sobre suapostura em relação a isso. Precisamos construir uma perspectiva deindignação em relação ao trabalho infantil, que conta até com certalegitimação social, num processo que tem raízes culturais em algumasregiões do país e está atrelado à questão da sobrevivência entreas populações de baixa renda". O MDS está convocando gestores estaduais e municipais para inserirem na internet, até o dia 31 de março, dados atualizados das crianças e adolescentes atendidos pelo Peti, através do Sispeti, disponível no site do ministério. O Peti existe há dez anos e o Sispeti, que vem sendo desenvolvido desde 2006, ainda não foi totalmente assimilado a nível nacional pelos 3.400 municípios onde o programa é executado, adverte Valéria Gonelli. Segundo ela, cerca de 40% dos municípios onde o Peti funciona ainda não prestam informações ao sistema, muitas vezes porque enfrentam dificuldades para isso.Leia mais sobre a denúncia da Andi no site da agência.

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