Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Pesquisa realizada entre 2004 e 2005 pelo grupo da Unidade de Tireóide do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), não constatou maior incidência de tireoidite de hashimoto (TH) na região do Pólo Petroquímico do Grande ABC, em Santo André. A suspeita é investigada pelo governo paulista e pelo Ministério Público.O estudo foi iniciado após informações divulgadas por uma médica endocrinologista, de vários casos da doença em seu consultório particular, em Santo André, oriundos da população residente no entorno das empresas petroquímicas da região. O objetivo foi analisar se havia ou não prevalência na área, em comparação com uma região de São Bernardo do Campo, também com grande quantidade de indústrias, chamada de área-controle.“Na área do pólo, 15,6% dos pesquisados apresentava sinais confirmando tireoidite crônica autoimune [tireoidite de hashimoto], comparativamente a 19,5% na área-controle. A presença de hipotireoidismo foi confirmada em 4,9% da população da área do pólo e 8,3% na área de São Bernardo do Campo”, diz o estudo da USP, coordenado pelo professor do Departamento de Clínica Médica da USP e presidente do Instituto da Tiróide (Indatir), Geraldo Medeiros Neto. Foram avaliadas 420 pessoas na área do pólo e 409 em São Bernardo.O estudo conclui que a maior prevalência de TH em ambas as áreas é “provavelmente decorrente da elevada ingestão nutricional de iodo” durante os anos de 1998 a 2004 e que uma “suposta conexão" de maior prevalência epidemiológica de TH com proximidade com o Pólo Petroquímico é "improvável”.Em maio de 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a redução do teor de iodo no sal: de 20-50 mg/kg (microgramas por quilo) para 20-60.A Secretaria da Saúde de São Paulo não quis se pronunciar sobre a pesquisa do Hospital das Clínicas.