Petterson Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O gerente executivo da Associação das Indústrias do Pólo Petroquímico do Grande ABC (Apolo), Sidney dos Santos, afirma que as empresas da região têm um longo histórico de operação e de programas de preservação ambiental, saúde ocupacional e segurança operacional. Ele nega que haja, entre os 5 mil trabalhadores do pólo, maior incidência da doença tireoidite de hashimoto (TH), suspeita investigada pelo governo paulista.“Nós não temos uma identificação específica de TH, mas temos, entre nossos médicos de trabalho, registros de casos de funcionários com problemas de tireóide. Pelos dados que temos, a incidência em nossos trabalhadores não difere de números identificados em qualquer população de trabalho de outra atividade e em qualquer região”, argumenta.Para o gerente, a própria conclusão dos estudos da Secretaria admite a necessidade de investigação mais profunda. “Inclusive avaliando outros fatores não só ligados ao ar, como qualidade da água, hábitos alimentares de uma forma mais detalhada”.O Pólo Petroquímico de Capuava, conhecido Pólo Petroquímico do Grande ABC, foi instalado em 1954. Abrange 14 empresas que produzem produtos como etileno, propileno e polietileno, matérias-primas essenciais para a fabricação de resinas, borrachas, tintas e plásticos, entre outros produtos.Sidney dos Santos garante que as empresas do pólo têm total interesse em identificar a causa da doença na região e pondera que um estudo anterior, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), teve "um resultado diferente”.O Instituto da Tiróide (Indatir), instituição sem fins lucrativos que reúne especialistas em problemas ligados à tiróide, informa em seu site que a única relação da doença com problemas ambientais refere-se a metais. “Poluição ambiental com metais pesados como mercúrio e chumbo, em animais de laboratório, podem alterar o equilíbrio do sistema imunitário e desencadear reações auto-imunes. Outros produtos químicos como hexa cloro benzeno (e similares) também alteram o sistema imunitário. Na há, contudo, referências na literatura médica sobre tireoidite de hashimoto sendo induzida por poluentes ambientais”.A médica Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia da Unidade de Tireóide do Hospital das Clínicas, também não vê essa relação, mas afirma que aumentou o número de casos da doença no Brasil. “Toda a população está com maior chance de sofrer de tireoidite. Antes de 2003, havia um consumo excedente de iodo e sal, e isso ocasionou um aumento dos casos. Uma vez alterado o sistema imunológico, não adianta reduzir porque o sistema já está adulterado e comprometido”.O estudo, coordenado pela Divisão de Doenças Ocasionadas pelo Meio Ambiente (Doma) e pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgãos da Secretaria de Saúde de São Paulo, apontou que 9,3% da população investigada no entorno do Pólo Petroquímico (781 pessoas) apresentou casos de TH, contra 3,9% das 752 pessoas investigadas em outra área industrial da Grande São Paulo, mas predominantemente metalúrgica: Diadema.