Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) decide hoje (5) sobre a taxa básica de juros, a Selic (Sistema Eletrônico de Liquidação e Custódia). A taxa, que está atualmente em 11,25% ao ano, indica quanto o governo paga em juros pelos títulos que emite regularmente para refinanciar sua dívida.A reunião do Copom BC é realizada em duas sessões. Ontem foi o primeiro dia, com a apresentações técnicas da conjuntura econômica por chefes de departamento. Hoje, na segunda sessão, participam apenas os diretores, que decidem sobre a Selic. O anúncio da taxa básica de juros é feito depois do fechamento do mercado financeiro, por volta das 19h.Para decidir o patamar da taxa básica de juros, o Copom leva em consideração diversos fatores, entre eles, a previsão da inflação futura e as tendências momentâneas de queda ou elevação dos preços da economia. O comitê também avalia o cenário externo para tomar a decisão.No último Relatório de Inflação, divulgado em dezembro, o Banco Central mostrou preocupação com a possiblidade de inflação gerada pelo aquecimento da atividade econômica e aumento da demanda (procura por produtos). Com esse aquecimento há o temor de que o aumento de preços ocorra de forma disseminada.
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aampliação da participação políticadas mulheres é uma das expectativas para o 2º PlanoNacional de Políticas para as Mulheres, que serálançado hoje (5) pelo governo federal. “Aproximaro poder das mulheres, garantir que elas possam decidir sobre o seupróprio corpo, sobre ter ou não ter filhos, mas tambémdecidir os rumos do país é absolutamente central”,afirma a diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFemea), Guacira César de Oliveira.
A diretora também ressalta que é precisoenfrentar as desigualdades entre as mulheres. “Queremos um planoque seja capaz de ver as mulheres na sua diversidade, enfrentar asdesigualdades entre elas com prioridade para aquelas que estãolá no fim da fila da cidadania”.
Apesarde considerar que o 1º PlanoNacional de Políticas Públicas para as Mulheres, lançado em 2004, foi importante para agrupar todasas políticas públicas destinadas ao público feminino, Guacira Oliveiradestaca que o principal desafio para a edição que será lançada hoje é garantir a execução orçamentáriadas metas que estarão previstas na proposta.
Segundo ela, aexecução orçamentária do primeiro planofoi aquém do desejado. “A prioridade que se dá nodiscurso político, na elaboração das leis, temque ter correspondência direta na prioridade da liberaçãode recursos públicos para o investimento nessas ações.E isso faltou”, avalia.
Guacira Oliveiradiz que será preciso criar indicadores para dartransparência à ação do poder públicoem relação à promoção daigualdade. “Existem mais de 400 programas, cada um composto pordiversas ações. Muito pouco sabemos sobre como essesproblemas combatem ou reproduzem as desigualdades existentes entrehomens e mulheres”, afirma a representante do Cfemea.
Elatambém destaca que desde o lançamento do primeiro plano houve avanços importantes como a criação do Fundo Manutenção eDesenvolvimento da Educação Básica e deValorização dos Profissionais da Educação(Fundeb). “Para a autonomiaeconômica das mulheres, é absolutamente central queexistam creches e pré-escolas para crianças de zero aseis anos de idade”, avalia.
Acoordenadora executiva da Rede de Direitos Humanos (Redeh), SchumaSchumacher, e integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulherlembra que a reforma do sistema político foi uma das bandeirasda 2ª Conferência Nacional de Políticas para asMulheres, realizada em agosto do ano passado. Ela acredita que as reivindicaçõesdo encontro devem constar do novo plano. “Não era apenas umafrase, é uma força política que propôs eexigiu isso no plano”.
Segundoela, é preciso investir em capacitação de novaslideranças e sensibilizar os partidos para que as mulherespossam ocupar os seus devidos lugares. “Somos a maioria e temos umarepresentação vergonhosa”, avalia.
Schuma Schumacher ressalta ainda a necessidade de se garantir recursos noorçamento de 2008 para o cumprimento das metas.“Eu acho que a maior atenção que os movimentos demulheres devem ter depois da comemoração do plano émonitorar a aplicabilidade dos recursos para que ele seja de fatoexecutado.”
Adiretora executiva da organização não-governamental(ONG) Ações em Gênero, Cidadania eDesenvolvimento (Agende), Marlene Libardoni, avalia que o segundoplano trará avanços em relação aoprimeiro, especialmente por comprometermais o Estado brasileiro com as políticas voltadas para asmulheres. Mas, segundo ela, ainda falta garantir efetivamenterecursos para as políticas contempladas naproposta. “A questão de ter recursos no orçamentopara que o plano possa ser executado é fundamental e étalvez o nosso foco central de luta agora na implementaçãodo plano”, afirma.
Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Depois de dois meses de resultados negativos, a produção da indústria brasileira registrou crescimento de 1,8% em janeiro em relação a dezembro do ano passado. Na comparação com janeiro de 2007, a expansão do setor foi de 8,5%. Os dados da Pesquisa Industrial Mensal estão sendo divulgados hoje (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).De acordo com o instituto, esta primeira taxa de 2008 “mostra um quadro de continuidade do crescimento industrial com resultado expressivo em relação ao início do ano anterior e frente ao mês de dezembro”. Ainda segundo o IBGE, o resultado de janeiro deste ano é o segundo maior desde o início da série histórica da pesquisa em 1991, sendo superado somente pelo resultado de outubro de 2007, de 3,4%.Entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008, a indústria que mais se expandiu e contribuiu para o resultado global foi a de veículos automotores (9,0%), refletindo a forte recuperação observada na fabricação de automóveis em janeiro.
Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o uso de embriões humanos para pesquisa científica deverá levantar o debate sobre a reprodução humana assistida, com a fecundação de óvulo em laboratório. A avaliação é de cientistas e juristas que participaram de debate ontem (4) na sede da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).Com o tema Onde Começa a Vida?, o evento contou com a participação de dois pesquisadores que trabalham com células-tronco, um contra e outro favorável ao uso de embriões humanos, e de dois juristas, que também defendem posições contrárias.O médico Marcelo Paulo Vaccari Mazzetti, vice-presidente do Instituto de Pesquisa de Células-Tronco, afirmou que a sua posição é lutar pela vida. Ele defendeu a possibilidade de que todos os embriões congelados no país fossem doados para serem gerados por mulheres que querem ter filhos e não conseguem.“Em todos os tratados, nós médicos não temos dúvida: o desenvolvimento humano inicia-se na fertilização do óvulo”, destacou Mazzetti, que questionou “como o ser humano pode condenar à morte a mais indefesa das formas da vida humana?”.O pesquisador trabalha exclusivamente com células-tronco adultas e defende que se tente avançar nas pesquisas apenas com essas células. Também disse que é preciso manter a ética nas pequisas, que, segundo ele, devem começar por ensaios e cobaias antes de chegar ao ser humano. Mazzetti também questiona a lei brasileira atual que permite o uso de embriões definidos como inviáveis, pelos médicos, ou os congelados há três anos. Segundo ele, há casos de gravidez com sucesso com embriões congelados há oito anos e o único processo de seleção possível para a viabilidade deve ser a aceitação ou a rejeição do útero materno.“Por que fazer tantos embriões congelados? Nós temos um problema, temos médicos brincando de Deus. Eles estão fazendo seres humanos em série. E alguns eles congelam”.Para a pesquisadora Natassia Vieira, do Laboratório de Células-Tronco do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, as pesquisas com as células embrionárias não ferem princípios humanos definidos pela ciência e são importantes porque permitirão avanços. “A sociedade já tem um consenso sobre o fim da vida, que é o fim da atividade cerebral, encefálica. E o embrião não tem neurônios antes de 30 dias”, destacou..Segundo ela, as células-tronco embrionárias dão origem a 216 tipos de células humanas adultas e estudá-las é um caminho que não pode ser descartado para aprender sobre a constituição do corpo humano e curar doenças como mal de Parkinson, Alzheimer, epilepsia, mal de Huntington, esclerose lateral amiotrófica.Natassia Vieira faz pesquisa sobre problemas neuromusculares e utiliza ambos os tipos de células-tronco. Ela afirma que têm sido infrutíferas todas as tentativas para construir células nervosas a partir das células adultas, apesar dos esforços das equipes dos institutos de Biologia e de Química da universidade. “Elas geram neurônios, mas eles não passam sinais”, explicou.Em entrevista à Agência Brasil, a pesquisadora e especialista Maria do Carmo Borges de Souza opinou que o termo “inviáveis”, usado na regulamentação, não é adequado. Professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vice-presidente da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida e proprietária de uma clínica na área, ela afirma que não é esse o ponto."Se não fossem viáveis não estariam congelados, se não fossem viáveis eles não teriam vida e não seriam úteis nem para a pesquisa de células-tronco. Eles poderiam ser doados se o casal assim definisse para um outro casal, porque, para alguns casais, aqui no Brasil, está havendo gestação de embrião de oito anos, de dez anos e, no mundo, há relato de embriões de 14 anos. Eles são viáveis, mas eles estão parados”.Para Maria do Carmo Borges, a discussão é importante, é pública e precisa ser feita. “Eu vejo como cientista que a questão da pesquisa com célula-tronco embrionária é importante, é essencial, e ela veio para ficar. Eu acho extremamente importante que seja veiculado porque a ciência passa pela sociedade. E eu acho que essa discussão é pública mesmo, e afloram os sentimentos todos, os razoáveis e os extremistas. A sociedade de cientistas não está contra a discussão”, disse a especialista, que também defende as pesquisas com células embrionárias.
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Ao contrário do que sinaliza artigo doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), não hárisco de desabastecimento de energia no Brasil até 2013baseado na insuficiência de oferta. Quem afirma é ocoordenador do Grupo de Energia Elétrica (Gesel), do Institutode Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde deCastro.Ele argumentou em entrevista à AgênciaBrasil que o risco que o sistema elétrico sempre correuestá vinculado ao problema das chuvas. Daí o governoestar permanentemente monitorando o nível dos reservatóriospara garantir o consumo de energia ao longo do ano.Sobre o Programa de Aceleração doCrescimento(PAC), Castro afirmou que as obras no setor de energiaestão sendo tocadas de acordo com o consumo, que estáaté caindo. “Então, na realidade, eu estou tendendo agerar sobras”.O coordenador do Gesel disse que o argumento doIpea é que a demanda de energia elétrica vai crescermuito e a expansão da capacidade instalada não vai sersuficiente para atender essa demanda. Então, haveria umdesequilíbrio entre oferta e demanda.Nivalde de Castro avaliou que o estudo do Ipeaestá superestimando o crescimento da demanda de energiaelétrica. “Porque ele está considerando que cada 1%de crescimento do Produto Interno Bruto(PIB) vai gerar 1,3% deaumento da demanda. E na realidade, a relação équase de um para um”. Afirmou o professor da UFRJ.
Castro disse que o estudo do Ipeatrabalha com a estimativa de que o PIB, que é a soma dasriquezas produzidas no país, vai crescer 5% ao ano e o paísiria gerar de demanda um aumento de 6,5%. “Ou seja, muito maisdemanda do que o que está acontecendo, porque a relaçãoé de um para um”, reiterou.
Segundo informou Castro, enquanto oPIB no ano passado cresceu “possivelmente” 5,6%, o crescimento doconsumo atingiu 5,4%, de acordo com informação daEmpresa de Pesquisa Energética(EPE). “Quase um para um”.
O coordenador do Gesel explicou quea relação entre o crescimento do PIB e da demanda estácaindo. “Está crescendo o PIB e o consumo de energiaelétrica não está crescendo tanto, porque aspessoas estão sendo mais racionais no uso de energia, porque aenergia está mais cara”, esclareceu. Além disso,todas as classes de consumidores estariam utilizando métodos,processos e equipamentos “poupadores” de eletricidade.
Ele acrescentou que como a maioriadas obras do setor elétrico incluídas no PAC estásendo estimulada a antecipar a entrada prevista de operação,essa energia poderá ser vendida no mercado livre. “Quandoelas entram em funcionamento, estão economizando água.É um dado positivo também”.
O risco de apagão, contudo,está atrelado ao nível de chuvas, frisou Castro.“Então, 2008 não vai ter risco de apagão e2009 a gente fica na dependência do nível de chuvas quevai ter no período úmido, que vai de dezembro deste anoaté abril de 2009”.
O professor lembrou que visando,inclusive, diminuir o risco de apagão, a AgênciaNacional de Energia Elétrica(Aneel) fará um leilãode energia de reserva de biomassa para garantir que essas usinas, quenão dependem das chuvas, possam funcionar a partir de 2009durante o período da seca.
Ele confirmou que todos os cuidadosestão sendo tomados para evitar o risco de um novodesabastecimento no país. “Com certeza. E as condiçõeshoje de um apagão igual ao de 2001 são totalmentediferentes. E a probabilidade é muito baixa. Depende sóde São Pedro”.
Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) sobre o uso de embriões humanos para pesquisa científica, marcado para hoje (5) no Supremo Tribunal Federal (STF), tem como tema de fundo a proibição ou a ampliação do direito legal ao aborto no país. Esse foi um dos pontos de vista apresentados por dois juristas que participaram ontem (4) do debate Onde Começa a Vida?, promovido na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.Para o jurista Rodrigo Rodrigues Pedroso, da Comissão de Defesa da República e da Democracia da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o que se fez com a Lei da Biossegurança “é a tática de comer a sopa pela beirada”. Ele acredita que, se mantida a autorização na lei, será aberto caminho para o aborto e para a clonagem de seres humanos.“Isso é um pretexto para a liberalização do aborto. E uma vez que você permita a pesquisa de células-tronco, estará aberto o caminho também para a clonagem humana terapêutica”, disse Pedroso no debate, dirigido a estudantes.O jurista afirmou que legislação recente da Itália só permite que sejam fecundados em laboratório óvulos que serão efetivamente colocados em útero materno. Ele também disse temer que, mantida a liberação na lei, o Brasil possa vir a se tornar um exportador de embriões.Defensor da autorização da lei para as pesquisas, o jurista Oscar Vieira Vilhena, professor da Fundação Getulio Vargas em São Paulo, destacou que “essa pergunta Onde Começa a Vida? é a questão central colocada pelo procurador que moveu a ação [Adin], porque ele está interessado na questão do aborto”.O debate em torno da questão vem gerando polêmica desde que o então procurador-geral da República Cláudio Fonteles questionou a constitucionalidade da Lei de Biossegurança com base no argumento de que se são embriões, têm, portanto, direito à vida.Para Vilhena, a questão jurídica é “qual a proteção que eu dou à vida nesse estágio?”, que, na avaliação dele, deve receber, tratamento diferente do que é dado a um ser vivo, nos moldes da lei. O jurista, que participará da audiência do STF, disse ainda discordar de que o uso do embrião seja considerado assassinato.A lei brasileira, segundo ele, “há mais de 60 anos, já faz as necessárias distinções” quanto à proteção da vida. Vilhena afirmou que, “caso considerássemos que ela está desprotegendo o embrião, neste caso estaria desprotegendo em todos os demais casos”. “Ao permitir a doação de órgãos de uma pessoa com morte cerebral, já desprotege essa pessoa. Ao permitir o aborto legal, já desprotege o embrião do estupro. Ao permitir o aborto para salvar a vida da mãe, já desprotege a vida do embrião. Seria preciso rasgar o Código Civil”, completou.
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Estudo elaboradopelos economistas Bolívar Pego e Carlos Álvares daSilva Campos Neto, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea) analisa que os investimentos do Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) não afastam o risco de insuficiênciada oferta de energia no país até 2013, mesmo que asobras não sofram atrasos. O trabalho foi publicado no sitedo Ipea no último dia 28 de fevereiro.
Em entrevista à AgênciaBrasil, Bolívar Pego, pesquisador da Coordenaçãode Finanças Públicas do Ipea, ressaltou que o foco doestudo é o PAC. Os pesquisadores do Ipea tomaram como base asobras do setor elétrico em execução no PAC, queprevêem investimentos de R$ 78,4 bilhões no período2007/2010 e aumento da capacidade instalada até 2010 de 12.386megawatts (MW) de energia. Com base nesses dados, eles traçaramdois cenários: um do PAC e outro com base em informaçõesda Empresa de Pesquisa Energética (EPE).“Vimos que, com as obras que estão no PACem execução - e não tem nenhuma obra grandeporque as usinas do Rio Madeira estão no PAC como planejadas -vendo a oferta de energia que tem nessas obras, comparando isso àperspectiva de crescimento da demanda no período de 2007 a2010, a gente percebe nos dois cenários que há umadiferença a mais no que se refere à demanda, tendo emvista o aumento da oferta de energia elétrica”, explicouPêgo.
O estudo traça um paraleloentre o consumo de energia e o Produto Interno Bruto (PIB), que éa soma das riquezas produzidas no país e mostra que, na medidaem que o PIB cresce, cresce também a demanda. Isso émedido no trabalho pela elasticidade-renda da demanda, que é ograu de sensibilidade que se tem a partir do momento em que se mexeem uma determinada variável. No caso, essa variável éo PIB.
Bolívar Pêgo informouque elasticidade significa que a cada crescimento percentual do PIB,o crescimento da demanda de energia elétrica vai aumentar1,3%. “Significa que ela [demanda] cresce 30% a mais em cadaponto percentual”. Tomando por base as informações daEPE, o crescimento da demanda seria de 1,23%.
Ele salientou, por outro lado, que aelasticidade tem se reduzido aos poucos. “Cada vez ela estámenor. Mas como nós analisamos o período de quatroanos, dá uma margem para mais dúvida com relaçãoa essas variáveis que precisam ser analisadas”. Pêgoadmitiu que existiria então risco de novo desabastecimento deenergia. “Se não chover adequadamente, os reservatóriosficarem baixos, se o PIB crescer muito”, avaliou.
Segundo o pesquisador do IPEA, se oPIB crescer acima de 5% nos próximos três anos e aelasticidade não for reduzindo ao longo do tempo e se mantiverem torno de 1,2% a 1,3%, “há possibilidade de que adiferença entre oferta e demanda seja significativa, mesmoconsiderando uma faixa de reserva na capacidade instalada hoje, entreo que é ofertado e o que é demandado, entre 4 mil a 7mil MW. É muito pouco para um país como o Brasil”.
Para minimizar o risco de um novoapagão, o economista sugeriu, em primeiro lugar, “torcerpara que chova bastante todo ano”, tendo em vista que cerca de 75%da energia gerada no Brasil provêm de fontes hídricas.Em seguida, é preciso torcer para que a elasticidade dademanda com relação ao PIB não seja muito maiordo que um. “Ela vai continuar sendo um pouco maior do que um, masque seja o mais próximo de um possível”.
A terceira recomendaçãoé que o PIB não deve crescer muito. Porque se o PIBcrescer em torno de 6% a 7% é muito bom para o país,mas representará uma necessidade maior de energia, destacou.“E aí vai examinar a elasticidade. Se ela ficar muito alta,significa que a cada ponto percentual do PIB nós vamosprecisar de mais energia”. Nesse contexto, Bolívar Pêgoafirmou que as obras que estão em execução noPAC podem não ser suficientes para suprir a demanda no períodopesquisado.
O economista informou que o IPEAestá procedendo, no momento, à avaliaçãodo PAC em 2007, comparando com as previsões feitasanteriormente. O trabalho deverá estar concluído emabril próximo. “Aí a gente vai reconsiderar quantofoi o crescimento real do PIB, quanto foi a elasticidade real de 2007e fazer uma nova simulação para o horizonte até2010. É possível que haja algumas mudanças”,admitiu.
No curto prazo, o estudo apontaa necessidade de que sejam tomadas algumas medidas, entre asquais a contratação de dois ou três reconversores de gás natural liquefeito (GNL), o aumento dacapacidade das caldeiras das usinas térmicas movidas a bagaçode cana, além do cumprimento do cronograma de entrada emfuncionamento das usinas térmicas movidas a óleocombustível, resultantes do último leilão deenergia realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica(Aneel). Tudo isso, porém, levando em conta as chuvas. “Caso contrário, ainsuficiência de oferta já deverá ser observadaem 2009”, indica o estudo.No médio e longo prazos, Pêgoafiançou que não há como fugir dos grandesprojetos de energia elétrica, como a construçãodas usinas de Jirau e Santo Antonio, no rio Madeira (RO) “que, deuma forma muito otimista não entrarão em operaçãoantes de 2013 e estão fora do horizonte da nossa análiseque é 2007/2010”, frisou.
Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma nova rota importante do tráfico mundial de drogas é um dos principais pontos do Relatório Anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), com sede em Viena, Áustria. Segundo o documento, cerca de 25% do total de 200 a 300 toneladas de cocaína consumidas na Europa, chegam pela África, saindo da América do Sul e passando, muitas vezes, pelo Brasil. O relatório, divulgado pelo Escritório da Organização das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (Unodc), informa que, segundo autoridades de Guiné Bissau, cerca de 60% da cocaína que chega ao país passam pelo Brasil e 40% vêm diretamente da Colômbia. As apreensões da droga no oeste da África passaram de 33 toneladas em 2005, para 40 toneladas em 2007, um aumento de mais de 20%.O fato, segundo o representante do Unodc para o Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, tem a ver com as relações estreitas entre Brasil e África. “Por várias razões, tanto comerciais quanto culturais, o Brasil tem muito intercâmbio com os países da África. Então, se detectou nas apreensões, sobretudo em Guiné Bissau e Cabo Verde, que a cocaína chegava do Brasil”, explicou.Entre as recomendações contidas no documento, a Jife diz que é preciso fortalecer a cooperação das autoridades brasileiras com os organismos policiais dos países da África para a investigação e o julgamento de todos os envolvidos.Segundo o delegado da Polícia Federal Roberto Troncon, o governo brasileiro já iniciou cooperação com outros países nesse sentido. Desde fevereiro, 32 policiais estrangeiros estão sendo treinados nos cursos regulares de formação da Polícia Federal. “Metade deles oriundos de países de língua portuguesa e outra metade dos nossos países irmãos aqui da América do Sul”, destacou.Troncon disse que a iniciativa tende a ser ampliada. “Num segundo momento, está previsto o envio de missão de policiais especialistas para esses países que nos demandaram, entre os quais está Guiné Bissau, para se fazer uma avaliação não só da legislação, mas também das condições tecnológicas e necessidades prementes de capacitação e, a partir daí, formatar um apoio e uma assistência específica para as condições daquele país”, afirmou.Dados do Unodc mostram que há no mundo 14,3 milhões de usuários de cocaína. Em 2006, de toda a plantação mundial de coca, 50% estavam na Colômbia, 33%, no Peru, e 17%, na Bolívia. O Brasil tem fronteira com os três países que controlam a produção mundial da substância.O relatório mostra que as organizações se aproveitam da situação geográfica do país e das zonas escassamente povoadas da selva amazônica para transportar pasta de coca e cocaína, fazendo com que cheguem, posteriormente, à África, à Europa e à América do Norte.
Agência Brasil
Brasília - A organização não-governamental Cidadania Feminina lança hoje (5), em Recife, a cartilha Apitaço: Mulheres Enfrentando a Violência. A cartilha será lançada às 15h.A publicação foi criada por 50 mulheres da periferia de Recife. Em formato de história em quadrinhos, a cartilha mostra pessoas que conhecem ou convivem com mulheres que sofrem ou já sofreram com a violência doméstica. O objetivo é incentivar a construção de uma rede de apoio.A ONG Cidadania Feminina é formada por um grupo de mulheres residentes no Alto José Bonifácio que luta, principalmente, pelo fim da violência doméstica. A ação, conhecida como Apitaço, existe há três anos na tentativa de reduzir a violência contra a mulher no estado.De manhã, o Fórum de Mulheres de Pernambuco e entidades parceiras anunciam, em entrevista, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre a mulher no mercado de trabalho na região metropolitana de Recife. Será divulgada também uma análise sobre assassinato de mulheres em Pernambuco.
Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) encerrou o segundomês do ano, na cidade de São Paulo, com variação de 0,19%, inferior à taxa de janeiro (0,52%). O índice é medidopela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).Em comparação com a últimapesquisa, no entanto, houve leve aceleração. Na terceira prévia defevereiro, o índice havia subido 0,16%.O grupo alimentação caiu (-0,15%) em relação a janeiro, que registrou alta de 1,04%. Foi a menor variação desde o fechamento de abril do ano passado(-0,13%). Outros dois grupos com fortedesaceleração, em comparação ao primeiro mês do ano, foram despesas pessoais eeducação. Esse último saiu de uma elevação de 4,39% para uma alta de 0,17%,enquanto permaneceu nula a variação em despesas pessoais, ante um aumentoanterior de 0,80%.Na mesma base de comparação, o movimento foi contrário nosgrupos habitação que subiu 0,35% ante -0,01%; transportes, com0,37% ante 0,29%; saúde, com 0,57% ante 0,36%, e vestuário, que passou de -0,85%para 0,06%. Uma análise sobre o resultado do IPC será apresentada às11h pelo coordenador da pesquisa, Márcio Nakane.