Coordenador do Gesel afirma que tendência é de sobra de energia no país

05/03/2008 - 9h04

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Ao contrário do que sinaliza artigo doInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), não hárisco de desabastecimento de energia no Brasil até 2013baseado na insuficiência de oferta. Quem afirma é ocoordenador do Grupo de Energia Elétrica (Gesel), do Institutode Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde deCastro.Ele argumentou em entrevista à AgênciaBrasil que o risco que o sistema elétrico sempre correuestá vinculado ao problema das chuvas. Daí o governoestar permanentemente monitorando o nível dos reservatóriospara garantir o consumo de energia ao longo do ano.Sobre o Programa de Aceleração doCrescimento(PAC), Castro afirmou que as obras no setor de energiaestão sendo tocadas de acordo com o consumo, que estáaté caindo. “Então, na realidade, eu estou tendendo agerar sobras”.O coordenador do Gesel disse que o argumento doIpea é que a demanda de energia elétrica vai crescermuito e a expansão da capacidade instalada não vai sersuficiente para atender essa demanda. Então, haveria umdesequilíbrio entre oferta e demanda.Nivalde de Castro avaliou que o estudo do Ipeaestá superestimando o crescimento da demanda de energiaelétrica. “Porque ele está considerando que cada 1%de crescimento do Produto Interno Bruto(PIB) vai gerar 1,3% deaumento da demanda. E na realidade, a relação équase de um para um”. Afirmou o professor da UFRJ.

Castro disse que o estudo do Ipeatrabalha com a estimativa de que o PIB, que é a soma dasriquezas produzidas no país, vai crescer 5% ao ano e o paísiria gerar de demanda um aumento de 6,5%. “Ou seja, muito maisdemanda do que o que está acontecendo, porque a relaçãoé de um para um”, reiterou.

Segundo informou Castro, enquanto oPIB no ano passado cresceu “possivelmente” 5,6%, o crescimento doconsumo atingiu 5,4%, de acordo com informação daEmpresa de Pesquisa Energética(EPE). “Quase um para um”.

O coordenador do Gesel explicou quea relação entre o crescimento do PIB e da demanda estácaindo. “Está crescendo o PIB e o consumo de energiaelétrica não está crescendo tanto, porque aspessoas estão sendo mais racionais no uso de energia, porque aenergia está mais cara”, esclareceu. Além disso,todas as classes de consumidores estariam utilizando métodos,processos e equipamentos “poupadores” de eletricidade.

Ele acrescentou que como a maioriadas obras do setor elétrico incluídas no PAC estásendo estimulada a antecipar a entrada prevista de operação,essa energia poderá ser vendida no mercado livre. “Quandoelas entram em funcionamento, estão economizando água.É um dado positivo também”.

O risco de apagão, contudo,está atrelado ao nível de chuvas, frisou Castro.“Então, 2008 não vai ter risco de apagão e2009 a gente fica na dependência do nível de chuvas quevai ter no período úmido, que vai de dezembro deste anoaté abril de 2009”.

O professor lembrou que visando,inclusive, diminuir o risco de apagão, a AgênciaNacional de Energia Elétrica(Aneel) fará um leilãode energia de reserva de biomassa para garantir que essas usinas, quenão dependem das chuvas, possam funcionar a partir de 2009durante o período da seca.

Ele confirmou que todos os cuidadosestão sendo tomados para evitar o risco de um novodesabastecimento no país. “Com certeza. E as condiçõeshoje de um apagão igual ao de 2001 são totalmentediferentes. E a probabilidade é muito baixa. Depende sóde São Pedro”.