Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu hoje (5) a formação de um Conselho Sul-Americano de Defesa para discutir as questões militares dos países da região e prevenir situações como o ataque da Colômbia em território equatoriano que provocou uma crise diplomática no continente. “É necessário um fórum onde todos esses assuntos possam ser postos”, explicou.Jobim vai começar a circular pela América do Sul ainda este mês e pretende visitar todos os países da região no primeiro semestre. Ele vai propor a realização de uma reunião em Brasília em setembro ou outubro para a instituição desse conselho. A crise, assegurou, não atrapalhará a iniciativa.Após desembarcar do submarino Tikuna na Base Naval Almirante Castro e Silva, na Ilha de Mocanguê, em Niterói, Jobim afirmou estar confiante de que a crise política entre a Colômbia, o Equador e a Venezuela será superada por meios diplomáticos. “Tenho certeza de que as coisas se acalmarão”, afirmou o ministro.“O Brasil e os países envolvidos no problema estão conscientes de que a América do Sul só se desenvolverá se for unida”, declarou o ministro. Segundo ele, o papel do Brasil no atual momento é o de ajudar. Jobim indicou que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estão tratando o problema de maneira diplomática. “O objetivo da América é ser um continente de paz”, disse.Jobim, no entanto, negou que esses problemas na América venham acelerar o plano de modernização das Forças Armadas brasileiras: “Isso não tem relação com problemas dos vizinhos”. O ministro afirmou que o reaparelhamento das Formas Armadas é um projeto mais antigo, que deve terminar em 7 de setembro, com a formulação de um plano estratégico de defesa.Nelson Jobim reafirmou que não há nenhuma verdade nas insinuações de que o Brasil estaria vendendo armas para a Venezuela. Ele recordou que ontem (4) esteve no Senado, onde mostrou que a informação não procede. O que havia, disse Jobim, era uma exportação, autorizada em 2006 e realizada agora, de revólveres destinados à guarda daquele país. No ano passado, foi autorizada também a exportação de balas de borracha e gás lacrimogêneo com o mesmo destino.Jobim descartou também a tese de que estaria ocorrendo infiltração das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Brasil. O ministro enfatizou que o país dispõe de cerca de 25 mil homens na Amazônia e um pelotão de fronteira comandado pelo general Augusto Heleno Pereira, comandante militar da Amazônia, que conhece bem aquela região.Indagado se o argumento da Colômbia, relativo a um ataque preventivo, seria aceito pela Organização dos Estados Americanos (OEA), Jobim esquivou-se: “É um assunto que tem que ser enfrentado pelo Itamaraty. Não por mim”.O Tikuna é o primeiro submarino construído no estaleiro da Marinha. Amanhã (6), Nelson Jobim visitará o Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, onde examinará um submarino em recuperação. A agenda prevê ainda visita à Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).