Luciana Melo e Iolando Lourenço
Da Agência Brasil
Brasília - O ministro do Trabalho e presidente do PDT, Carlos Lupi, disse hoje (5) que só decidirá o afastamento da presidência do partido após conversar com o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence. Enquanto isso, ele disse que não deixará o comando da legenda.“Irei procurar pessoalmente Pertence, que tem o nível de entendimento da legislação, da Constituição brasileira, para buscar o melhor caminho”, afirmou Lupi. “Dessa conversa com o ministro, posso ser convencido [a deixar de acumular as duas funções] ou convencer [a ficar nos dois cargos]. O processo de democracia é assim.”Lupi fez as declarações após reunião da Executiva Nacional do PDT hoje (5) à noite, em que recebeu apoio da legenda. O partido distribuiu nota oficial de apoio “integral” a Lupi. Elaborado pela Executiva Nacional do PDT, em conjunto com parlamentares, o Conselho Político do partido e os presidentes regionais da legenda, o texto alega não existir impedimento de ordem ética ou legal para o exercício simultâneo das duas funções.Segundo a nota, o Inciso 8º do Artigo 5º da Constituição diz: “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção política”.O texto ressalta também que o estatuto do partido permite o acúmulo de cargos. “Todo filiado pode exercer, em caráter preferencial, funções públicas, de livre-provimento [cargo comissionado] nos órgãos em que a legenda venha ter responsabilidade de administrar, atendidos os requisitos de capacitação e pertinência”, destacou o texto.A nota ressalta que o partido tem orgulho de ter Carlos Lupi à frente do ministério, desenvolvendo um trabalho em sintonia com os compromissos históricos defendidos pelos ex-presidentes Getúlio Vargas, João Goulart e reiterados por Leonel Brizola. De acordo com o comunicado, as pressões para que o ministro deixe de acumular as funções têm origem na manipulação da opinião pública por forças políticas conservadoras.“Todos esses antagonismos foram patrocinados pelas mesmas forças que tentam manipular a opinião pública para essencialmente barrar qualquer ação na defesa intransigente dos interesses dos trabalhadores”, informou o comunicado. “Essa batalha passa pelo suicídio de Vargas, em 1954, pela derrubada de Jango, em 1964, pelo golpe militar, e pela campanha difamatória da qual Brizola foi vítima durante seus dois governos à frente do Rio de Janeiro.”Lupi agradeceu ao partido pela nota: “Hoje saio confortável em saber que meu partido esta unido e se mantém firme no propósito de continuar lutando pelos diretos dos trabalhadores”.