Representante da ONU afirma que falta liderança para solução da crise econômica mundial

12/01/2009 - 23h34

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Jomo Kwame Sundaram, secretário-assistente para o Desenvolvimento Econômico do Departamento de Economia e Relações Sociais da Organização das Nações Unidas, disse hoje (12) que  as causas e as possíveis soluções para a crise econômicaglobal são conhecidas pelos chefes de Estado e autoridades monetárias dasnações mais importantes do mundo. Segundo ele, até agora nenhuma dessaspersonalidades ou grupo formado por elas tomou a liderança do processo dereestrurução da economia mundial porque ainda falta um líder.Jomo Kwame Sundaram participou hoje(12) do primeiro dia de debates do Programa Avançado Latino-Americano para o Repensamento do Macro-desenvolvimento da Econômico (Laporde, na sigla em inglês).O evento, que está sendo realizado na sede da FundaçãoGetulio Vargas de São Paulo, faz parte do calendário oficial da Universidade deCambridge. Nele, economistas de várias partes do mundo, entre ele Jomo K.S.,debaterão até sexta-feira (16) a crise econômica mundial.“Instituições de Bretton Woods [Banco Mundial e FundoMonetário Internacional, por exemplo], não fizeram nada; OCDE [Organizaçãopara a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] também não; o G7, nada atéagora. Estamos esperando para ver se alguém do G20 assume essa liderança”, afirmouJomo em sua palestra, citando o grupo formado pelos 20 países mais ricos do mundo, entre eles oBrasil.De acordo com ele, o mercado mundial precisa passar por,entre outras coisas, um rearranjo fiscal e monetário, e principalmente por umaperfeiçoamento dos sistemas de regulação. Jomo disse também que estas mudançastêm que ser discutidas entre Estados Unidos, União Européia e países emdesenvolvimento, para que novas crises não voltem a ocorrer.A vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB),Celina Martins Ramalho, uma das organizadoras do primeiro Laporde, concorda comJomo. Assim como ele, Celina Martins considera que a crise era previsível e foi anunciadahá um ano pelos problemas nas hipotecas imobiliárias dos EUA. Segundo ela, ospaíses hegemônicos da economia mundial não deram a atenção devida aos fatos.“Nossa próxima esperança é daqui a oito dias, na CasaBranca”, afirmou Celina Martins Ramalho, deixando claro que o novo presidente dos EUA, Barack Obama, tem de assumir o protagonismo dos debates anti-crise. “Ao Brasil também cabeque fazer sua lição de casa", disse.