Coronel acusado pela Polícia Federal nega participação em fraude no BNDES

10/06/2008 - 0h33

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O coronel Wilson de Barros Consani Junior, réu na Operação Santa Tereza, disse hoje (09) que não tem nenhuma relação com o esquema de fraudes em empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que, há pouco tempo, nem mesmo sabia onde ficava a sede do banco.“Há dois meses atrás, se algum de vocês me pedissem para ir ao BNDES, eu iria até ao aeroporto para comprar uma passagem para Brasília porque na minha cabeça o banco era lá. Nem sabia que funcionava no Rio de Janeiro”, afirmou. Consani Junior deveria ter sido ouvido hoje pela Justiça Federal em São Paulo, mas seu depoimento foi adiado por um pedido do juiz federal Márcio Ferro Catapani, que esperava receber um ofício da Polícia Federal sobre a operação - o que, até este momento, não ocorreu.Consani é suspeito de prestar serviços à casa de prostituição W.E., que a Polícia Federal acredita ter sido utilizada para a lavagem do dinheiro obtido nos empréstimos no BNDES. Ele também aparece em interceptações telefônicas da Polícia Federal fazendo alerta ao deputado federal Paulo Pereira da Silva sobre a deflagração da Operação Santa Tereza. Consani não nega o telefonema e disse que pretende esclarecer à Justiça sobre a razão pelo qual ele foi feito.“Há um motivo. Existiam razões anteriores, fatos que vinham ocorrendo desde o ano passado em que eu, por acaso, tive participação junto ao deputado. Tudo isso foi, inclusive, documentado na própria Justiça. Quando ficamos sabendo da deflagração eu liguei para o deputado, e falei: “lembra-se daqueles fatos que nós falamos em outubro do ano passado quando nem se falava em Operação Santa Tereza? Eu acho que está acontecendo isso agora””, disse.O coronel não revelou que fatos seriam esses, mas disse que eles estão todos descritos em um documento que pretende entregar à Justiça Federal assim que for interrogado. Consani também disse que não foi o único a saber antecipadamente sobre a operação da Polícia Federal.“Essa operação todo mundo sabia. Eu não fui buscar essa informação. Quem me passou foram pessoas que trabalhavam lá na administradora de imóveis, no flat e no prédio”, disse ele, esclarecendo que trabalhou por 25 anos como policial do Corpo de Bombeiros e que, ultimamente, abriu uma empresa prestadora de serviços. “Prestava serviços para uma administradora de imóveis, que me contratou para retirar documentação de atestado de vistoria do Corpo de Bombeiros para duas edificações: uma onde funcionava o bar e restaurante (W.E) e outra onde funcionava o flat”, explicou. De acordo com Consani, sua relação com o deputado se refere exclusivamente aos eventos de comemoração ao Primeiro de Maio e que o fato de se referir a ele como “chefe maior” - termo que aparece em algumas interceptações telefônicas da Polícia Federal – é parte de uma expressão usada por ele habitualmente. “Chefe maior é o deputado Paulo Pereira, nunca neguei isso. O deputado é presidente do PDT, presidente da Força Sindical (...). Naquele momento eu me referi ao Paulinho como chefe, mas não chefe no sentido que quiseram dar, como chefe de quadrilha, mas como eu me referia ao meu comandante”.