Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Apesar de apresentar um crescimento médio de 25% ao ano nas exportações, que no primeiro semestre já atingiram US$ 644 milhões, o setor nacional de joalheria ainda enfrenta alguns obstáculos para expandir sua presença no mercado internacional.
O tema foi discutido até ontem (9) no Encontro Nacional do Setor Joalheiro, iniciado na quinta-feira (8) na sede da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio). O evento foi promovido pela Associação de Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro (AjoRio), com apoio da Agência de Promoção de Exportações do governo federal (Apex Brasil).
A elevada carga tributária que incide sobre o produto acabado é o principal entrave ao desenvolvimento do setor de jóias e pedras preciosas no país, segundo a diretora de Marketing do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), Natália Salomão. A média de impostos alcança 37% sobre o produto acabado vendido para o consumidor final, contra a média mundial de apenas 13%: “Com certeza, o nosso principal gargalo ainda são as questões tributárias.”
Outros problemas levantados pelos fabricantes de jóias e pedras preciosas são a informalidade e o contrabando de gemas. A diretora do IBGM observou, no entanto, que “tudo isso a gente consegue resolver a partir da solução do entrave tributário”. O setor pede ao governo a diminuição dos impostos, no âmbito do Fórum de Gemas e Jóias do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Natália Salomão informou que essa diminuição se refere ao Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), federal, e ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), estadual. A expectativa é de queda de 5% para 3% no Rio de Janeiro e de 18% para 5% em São Paulo. “Já seria um passo muito importante para a gente”, avaliou.
Durante o encontro, foi apresentada a experiência da Tailândia, onde a redução da carga tributária elevou, em dez anos, de duas para 80 toneladas o total de ouro puro beneficiado. O setor de jóias é o segundo mais importante da economia daquele país, com exportações que somam US$ 1,8 milhão.
Em parceria com o IBGM, a Apex Brasil elaborou um novo projeto setorial integrado, que prevê 64 ações a fim de tornar mais dinâmica a venda dos produtos e a inserção das empresas no mercado internacional. A gestora de projetos da Apex, Glauce Falco, informou que novos mercados estão sendo prospectados, principalmente na América do Sul, além do Japão e da Rússia, onde o mercado cresceu 15% de 2006 para 2007. No mercado japonês, a meta é alcançar crescimento em torno de 30% em 2008.
Para 2007, o setor espera manter o crescimento observado nas exportações ao longo dos últimos anos. Natália Salomão disse que a expectativa é aumentar em 25% as exportações da cadeia produtiva e em 20% as vendas de jóias prontas. No ano passado, as exportações do setor totalizaram US$ 1,2 bilhão. Atualmente, os principais compradores das jóias brasileiras são os Estados Unidos, que respondem por 36% do total embarcado, e a Europa, com destaque para Alemanha e Espanha. Participam do projeto Apex Brasil/IBGM, iniciado em junho, 196 empresas. A meta, segundo Glauce Falco, é ampliar as exportações de US$ 154 milhões, registrados em abril, para US$ 200 milhões até 2009, quando expira o projeto. “Outra meta é trazer mais empresas para dentro do projeto. E com isso aumentam as exportações e o número de empregos”, disse. A perspectiva é que o número de empregos gerados pelas empresas participantes suba dos atuais 2.649 para 3 mil em 2009.Natália Salomão acrescentou que o setor vem utilizando o design como principal diferencial do produto nacional, com o objetivo de agregar valor, do mesmo modo que a associação com materiais alternativos como couro e pedras. O trabalho feito em Arranjos Produtivos Locais (APLs), que são aglomerações de pequenas empresas em uma única região com a mesma vocação econômica, também merece atenção especial na parceria Apex Brasil/IBGM.