Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia,Hoel Sette, afirmou hoje (10), que a maioria da população brasileira "não tem amenor idéia da gravidade que existe em torno das doenças hepáticas”. Ele lembrou que cerca de um terço da população mundial estaria infectado e que pelo menos 400 milhões de pessoas já passaram para o quadro de casos crônicos, em que não houve uma reaçãoimunológica capaz de frear a agressividade do vírus.“A doença é muita séria, não tem cura. E quandoa pessoa sofre o contágio pode apenas se submeter a um tratamento de controlecom o uso de medicamentos”, disse, ao advertir que a ação no organismo é lenta, sem sintomas, e que os remédios custam caro. "Ao longo do tratamento, que dura o resto da vida, é necessário fazer atroca dos medicamentos. Não raro se deve recorrer aos coquetéis, emprocedimentos semelhantes aos adotados no caso de portadores do vírus da aids", afirmou.O melhor caminho é a vacina preventiva, recomendou, e destacou que a eficácia depende da ingestão das três doses previstas para a população com idade até 19 anos. Na avaliação de Sette, a política pública de saúde voltada para apopulação jovem se justifica pelo fato de 70% dos casos de contágio ocorrerempor meio de relações sexuais sem proteção. Outros meios de contaminação são o uso de seringas compartilhadas e de alicates para unhas e cutículas sem esterilização segura, e de lâminas para depilação, além do risco de contágio nos consultórios odontológicos.Se durante a visita ao dentista, por exemplo, a pessoa tivercontato com uma gota de sangue seco (que tenha caído até sete dias depois) dealguém que esteja com hepatite B, “ela pode vir a desenvolver a doença”,esclareceu.Diante desse quadro, ele defendeu a importância das ações de conscientização. Em recente participação em um congresso sobre otema, em Boston (EUA), contou, soube da queda expressiva no número de transplantes de fígado depois que apopulação passou a ter mais conhecimento e se submeter aos métodos preventivos.Estados Unidos, Nova Zelândia e Canadá, acrescentou, estão entre as nações com o mais baixo nível de infectados com até 2% de prevalência. Já o Brasil ocupa afaixa intermediária: entre duas e cinco pessoas a cada cem habitantes (até 5%) estão contaminadas. O índice é igual no Japão e na região doMar Mediterrâneo.Hoel Sette participou hoje da campanha de conscientização Juntoscontra a Hepatite B, em tenda montada no gramado do Parque Ibirapuera para atraira população. Ao contrário das demais cidades, em São Paulo não foram realizadosdiagnósticos: apenas a mobilização, com apresentação de vídeos, distribuiçãode panfletos e contatos diretos com o público para orientações didáticas.Também participaram integrantes da entidade não governamental, Transtática, quereúne pacientes com hepatite B.