Mylena Fiori
Enviada especial
Santiago (Chile) - O Brasil está disposto a brigar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para baixar o preço do produto – a cotação está em US$ 100 o barril. Hoje (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o Brasil poderá integrar a Opep, a partir das novas reservas de petróleo e gás descobertas pela Petrobras na Bacia de Santos (SP). "Obviamente que nós temos intenção de participar de um fórum desses em que a gente pode discutir políticas para o mundo inteiro. Logo, logo o Brasil vai participar da Opep e, se o Brasil participar da Opep, nós vamos brigar um pouco para que baixe o preço do petróleo, porque é uma das contribuições que os países ricos em petróleo podem dar aos países mais pobres", defendeu. As novas jazidas colocam o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo. Indagado se o país estaria disposto a reduzir seus dividendos com a venda de petróleo e gás, Lula disse que "não temos que pensar, nesse mundo globalizado, apenas dentro de nossa fronteira – temos que pensar no mundo como um todo". Na primeira sessão plenária da 17ª Cúpula Ibero-Americana, ontem (9), o presidente venezuelano, Hugo Chávez, havia proposto que Brasil e Venezuela se unissem para vender petróleo subsidiado aos países mais pobres da América do Sul. Hoje, Lula respondeu que, na opinião dele, a Opep é que deveria baixar o preço do petróleo. "Acho que nós temos que pagar o preço justo", justificou, ao ponderar que os países ricos não podem "sufocar" os mais pobres. Lula afirmou que o Brasil criou a política de biodiesel justamente por acreditar que se trata de uma alternativa para os paíseslatino-americanos e para alguns africanos e asiáticos. E assegurou que o governo federal não mudará em nada a política de biocombustíveis em razão das reservas de petróleo e gás recém-descobertas. "Queremos apresentá-lo logo, definindo as áreas em que vamos plantar. E é importante deixar claro que nesse governo não haverá nenhuma possibilidade de alguém plantar qualquer cosia de biodiesel na Amazônia a não ser o dendê, que é originário da própria região. Não haverá cana-de-açúcar na Amazônia, não haverá soja na Amazônia", reiterou.