Presidente critica falta de debate político em reuniões de cúpula

10/11/2007 - 14h48

Mylena Fiori
Enviada especial
Santiago (Chile) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou hoje (10) a falta de debate político em reuniões entre chefes de Estado e de governo."Muitas vezes participamos de uma reunião, cada presidente fala cinco ou dez minutos, levantamos, vamos embora e assinamos os documentos que nossos ministros prepararam no mês anterior", comentou antes de deixar Santiago, onde participou da 17ª Cúpula Ibero-Americana."Eu penso que política precisa de debate, precisamos tirar as divergências numa mesa de negociação", disse Lula.Ontem, devido a discursos mais longos que o previsto, o presidente não pôde falar sobre os programas sociais brasileiros na sessão plenária de abertura da cúpula. À tarde, em sessão reservada transmitida sem áudio para os jornalistas, Lula falou longamente - demonstrando exaltação em diversos momentos - aos líderes dos demais 21 países que compõem a comunidade ibero-americana."Ontem nós fizemos um debate rico, cada um pôde mostrar o que está fazendo no seu país, o que está acontecendo no seu país", relatou hoje o presidente à imprensa brasileira."E eu, obviamente, fui tratado com uma certa deferência porque não é sempre que o Brasil pode ser denominado magnata do petróleo, sheik do petróleo", brincou, referindo-se ao comentário feito pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, em discurso de 25 minutos na manhã de ontem.Um dos temas que aqueceram os debates de ontem à tarde foi a proposta do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, de extinção da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em seu lugar, Ortega sugere a criação da Organização Ibero-Americana (OIA).Lula discorda. "Penso que não se trata de extinguir qualquer coisa, se trata de aperfeiçoar, por isso o Brasil está propondo mudança no Conselho de Segurança da ONU", comentou."A OEA, se tiver deficiência, tem que ser aprimorada. Fomos nós que criamos a OEA, temos representantes lá. Se não está funcionando, temos que mudar a fórmula de funcionar e mudar as pessoas que estão lá. Está resolvido o problema", avaliou.O presidente não participou da sessão plenária da manhã de hoje. Também não ficou em Santiago para o encerramento da cúpula. Preferiu retornar ao Brasil após encontros bilaterais no hotel onde estava hospedado.