Mylena Fiori
Enviada especial
Santiago (Chile) - Líderes de 22 países ibero-americanos pedem o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba. O apelo está em um comunicado especial da 17ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, encerrada hoje (10), em Santiago.“Pedimos ao governo dos Estados Unidos da América que cumpra o disposto em 16 sucessivas resoluções aprovadas na Assembléia Geral das Nações Unidas e ponha fim ao bloqueio”, diz o documento. “Reafirmamos, uma vez mais, que em defesa do livre intercâmbio e da prática transparente de comércio internacional, é inaceitável a aplicação de medidas coercitivas unilaterais que afetam o bem-estar dos povos e obstruem os processos de integração”, afirmam os mandatários da América Latina e Península Ibérica.Como em cúpulas anteriores, os líderes aprovaram comunicado especial reafirmando também a necessidade de retomada, pelos governos da Argentina, Reino Unido e Irlanda do Norte, das negociações sobre as Ilhas Malvinas para que se resolva o mais rápido possível a disputa de soberania sobre a região – atualmente sob domínio britânico.Os governantes aprovaram, ainda, declarações específicas de apoio à luta contra o terrorismo; solidariedade aos governos do México, Cuba, Nicarágua, Haiti, Honduras, Venezuela, República Dominicana e Peru pelos recentes desastres naturais; de apoio à convocação de uma conferência internacional sobre os povos indígenas e preservação das línguas indígenas; e um comunicado proclamando 2008 como “ano ibero- americano da juventude. O tema da 18ª cúpula, no ano que vem, em El Salvador, será Juventude e Desenvolvimento.O encontro terminou em bate-boca envolvendo os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Nicarágua, Daniel Ortega, e da Espanha, José Luiz Zapatero.Ontem, em sessão plenária, Chávez havia chamado de fascista o ex-presidente espanhol José Maria Aznar. Hoje, na sessão de encerramento, repetiu a crítica e disse esperar que seu “amigo” Zapatero não se ofendesse. Mas Zapatero se ofendeu e pediu respeito, alegando que o ex-mandatário foi eleito legitimamente pelo povo. Pediu ainda a adoção de uma norma de conduta que imponha respeito aos atuais e ex-governantes ibero-americanos.Chávez tentou responder e o rei da Espanha, Juan Carlos, mandou-o calar a boca. Ortega pediu a palavra e chamou os espanhóis de gângsteres, acusando-os de conspirar com o governo norte-americano contra sua eleição. Juan Carlos se retirou.Após o encerramento, indagada sobre o incidente, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse apenas que a discussão explicitou a diversidade dos países ibero-americanos. “Em nossa região, há diversidade na visão das coisas, há diversidade no estilo que pleiteamos as coisas, há diversidade na maneira de expressarmos muitas coisas”, ponderou.Ela ressaltou ainda que essa foi a primeira Cúpula Ibero-Americana com sessão reservada para debates – nos anos anteriores, havia apenas plenárias nas quais cada governante fazia uma curta exposição. “Na sessão reservada, foram debatidos muitos temas com paixão, entusiasmo, com a diversidade que existe em nossa região”, reiterou.