Brasília, 16/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - O consultor de Logística da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Fayet, disse que a perda de 28 milhões de toneladas de grãos, constatada em estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ocorre principalmente na primeira etapa do transporte, quando o produto sai da roça e vai para o depósito centralizador. "A partir dos armazéns, o transporte é normalmente feito por veículos que são apropriados para isso, por veículos que se prestam a transportes de grandes distâncias. Se nós tivéssemos um sistema ideal com o transporte aquaviário, nós poderíamos reduzir um pouco mais essas perdas", afirmou.
Fayet defendeu a abertura de novos corredores de exportação para combater essas perdas e citou como prioridade o que abrange a ferrovia Norte-Sul. "Outro corredor importante é o que inclui o Rio Madeira e o Rio Amazonas, e o terceiro é a Rodovia Cuiabá/Santarém. Esses três novos eixos racionalizariam substancialmente o transporte dos grãos para exportação, porque diminuiriam a quilometragem, além de modificarem os sistemas de transportes", afirmou.
Já o assessor da diretoria da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque, disse acreditar que para reduzir as perdas na safra é necessário orientar os manipuladores dos grãos em todos os estágios, além de melhorar as estradas. "Em primeiro lugar, é preciso treinar os produtores e os operadores de máquinas colheitadeiras a ajustarem o equipamento. Em segundo lugar, saber operar direito os armazéns, inclusive na conservação, porque se não for mantida a temperatura adequada, ocorrem perdas por choque térmico, por umidade e por fungos", sugeriu.
O coordenador de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Carlos Alberto Lauria, lembrou que o objetivo do estudo é chamar a atenção para a adoção de medidas que evitem o desperdício. "Como é de conhecimento de todos, as estradas estão necessitando de manutenção e o armazenamento em muitos estados é precário, realizado por mão-de-obra desqualificada", argumentou.
Segundo o consultor da CNA, "nos últimos anos, graças a um esforço da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), das cooperativas, das federações e de várias entidades, o Brasil teve uma grande evolução no processo de redução de perdas, principalmente dessas culturas que são mais representativas no agronegócio brasileiro como é o caso da soja, do milho, do trigo e do algodão".