Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dos mentores do programa Fome Zero e ex-assessor da Presidência da República, Frei Beto, criticou hoje os dados divulgados pelo IBGE segundo os quais 40,6% da população sofrem de obesidade e a pobreza não se manifesta mais por meio da fome, e sim na qualidade de vida e desigualdade de rendimentos.
"Quando falamos de obesidade" – disse Frei Beto – "precisamos lembrar de outro dado que me impressionou muito andando Brasil afora. Dizia que a fome no Brasil é gorda. Ao contrário da fome na África, que é esquálida. Aqui, quem anda pelo interior vê muita criança barriguda de verme porque tem fome. A gente vê muita gente obesa porque tem distúrbios glandulares. Tem hipertensão em decorrência da má nutrição. E o dado que foi divulgado não incluía crianças e jovens, só adultos. Infelizmente o Fome Zero é ainda um desafio para todos nós brasileiros".
Na avaliação de Frei Beto, a população hoje confunde o verdadeiro sentido do Natal - especialmente diante da realidade de fome que assola o país. "Infelizmente, há muita fome no país. Num país em que 40% da população não tem renda per capita superior a R$ 5, não vamos dizer que isso dá para ter uma boa qualidade de vida. Basta ver os índices da mortalidade infantil para constatar lamentavelmente que o Fome Zero merece ser a prioridade do governo", concluiu.