Sistema digital poderá ser testado por até três rádios

07/10/2007 - 14h51

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Nas próximas semanas, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vaienviar a duas ou três emissoras de rádio escolhidas a metodologia criada para arealização de testes com os sistemas de rádio digital.De acordo com o superintendente de Serviços de Comunicação de Massa daagência, Ara Apkar Minassian, a escolha das rádios fica a cargo do setor. “Nóspedimos que eles escolhessem, entre eles, quem vai ser o cobaia para estestestes. É mais fácil do que você impor”. Para tanto, as especificações emetodologia serão entregues à Associação Brasileira das Emissoras de Rádio eTelevisão (Abert) e à Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra). Trêsprincipais questões deverão ser avaliadas: a qualidade do sinal, a abrangênciada cobertura e possíveis interferências entre emissoras do sistema digitalsobre o analógico.O superintendente destaca que concentrar ostestes em duas rádios “não significa que são as duas melhores. Não tem nada aver. Mas tenho que fazer um teste na praça de São Paulo porque é crítica. Tenhoedifícios altos e um monte de obstáculos. Se o sistema der certo em São Paulo,a tendência de dar certo em outras cidades maisplanas é muito maior”. Assim como São Paulo, ele cita Belo Horizonte e Rio deJaneiro, como cidades que têm a topografia bem diversificada. Não pretendo remeter para vinte emissorasporque, quando você abre muito o leque, vai ter resultados dispersos”,acrescenta.Há dois anos, a Anatel começou a autorizaremissoras a realizarem testes com sistema digital. Ao todo, 19 emissoraspediram autorização, no entanto, a Anatel não sabe dizer quantas efetivamenterealizaram testes.Minassian conta que cada rádio testava o sistema da sua forma e o resultadodos relatórios entregues à Anatel não responderam a uma série de dúvidas sobreos sistemas. “Ninguém até agora conseguiu apresentar um resultado concreto,sólido, que possa dizer o seguinte: 'eu usei o sistema e ele me atendeu, nãoperdeu cobertura, não gerou interferência nos sistemas analógicos vizinhos'.Ninguém me apresentou isso”, diz. A Anateldefiniu as metodologias que devem ser usadas pelas rádios nos testes. Com ela,“vamos tentar fazer isso de forma coordenada”, completa o superintendente.Os dois sistemas de rádio digital em estudo noBrasil são o americano In Band–On Chanel (Iboc) e o europeu Digital RadioMondiale (DRM). Enquanto o americano não faz transmissões em ondas curtas (OC),o europeu, por sua vez, não contempla a FM. “Temos que testar as diferentesconfigurações e verificar como o sinal se comporta em relação ainterferências”, diz Ara Minassian.A visão do superintendente sobre a questão éa mesma do pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento emTelecomunicações (CPqD), Takashi Tome. Há dois meses, em entrevista à AgênciaBrasil, o pesquisador alertava para a necessidade de melhorar os testes que,até então, vinham sendo feitos. “É fundamental realizar um teste completo comeles. Enquanto não for feito, todas as discussões carecem de embasamento. Nocaso da TV, foi realizado um teste na cidade de São Paulo envolvendo váriasemissoras e analisamos todos os parâmetros. Foi um teste que demorou quase um ano”, explicava.No entanto, o pesquisador levanta a necessidade de várias rádios de uma mesmalocalidade testarem, ao mesmo tempo, para averiguar se o sinal de uma rádio nãoestá interferindo na transmissão de outra. Neste ponto, o superintendente daAnatel pensa diferente. Para ele, duas ou três rádios fazendo testes em SãoPaulo “são totalmente suficientes se eu tiver uma em que os radio-difusores acompanhem,a academia acompanhe, todo mundo acompanhe é esse o objetivo. Quanto maispessoas acompanharem os testes e tentarem opinar melhor porque dá maissegurança”.Sobre a possível interferência de uma rádiona outra, o superintendente explica que, “quando as emissoras começarem atestar, todo mundo vai saber e se surgir uma interferência é facilmentedetectável se ela surgiu de uma experiência digital. Não há esse perigo”.Além da interferência, a cobertura do sinal é apontadapela Anatel como fundamental nos testes. Se uma emissora tiver hoje umacobertura de 50 quilômetros e, com a transmissão simultânea, diminuir essacobertura será preciso “analisar o que você vai fazer no futuro com essa zonade sombra que ficou”.