Representante das siderúrgicas nega monopólio e diz que não há como obrigar a baixar preços

07/10/2007 - 17h39

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O vice-presidente do Instituto Brasileiro deSiderurgia (IBS), Marco Pólo de Mello Lopes, defende o setor ediz que não há monopólio nem obrigaçãodas empresas em baixar os preços do aço para beneficiara indústria. A indústria naval brasileira, que temcrescido no país, corre o risco de sofrer uma desaceleraçãopor causa do preço do aço usado na construçãodas embarcações, que chega a custar aqui 30% a mais doque é vendido no exterior.“Tem que ser apagado damemória a época em que as empresas estatais que faziamparte da Siderbrás (Usiminas, Cosipa, CSN) serviram deinstrumento de subsídio da indústria. Isso acabou comque as usinas tivessem transferências de renda na ordem de US$17 bilhões. Isso levou as empresas a terem uma situaçãofinanceira muito complicada, que culminou no processo deprivatização. Então a siderurgia não podeser utilizada como no passado, de instrumento”, disse Lopes. Oexecutivo do IBS defende a Usiminas das acusações defornecer aço no mercado interno a preços superiores aoque ela vende no exterior. “O que não faz o menor sentido éo presidente da Transpetro [Sérgio Machado] chegar e dizer: euquero aço aqui fornecido na mesma condiçãoexterna, porque isso seria uma forma do setor estar subsidiando aindústria naval. O que o Sérgio Machado tem colocadonão é nenhuma grande novidade. O que é novidade,isso sim, é querer que as usinas siderúrgicasbrasileiras coloquem no mercado interno uma condiçãoespecial, coisa que é difícil de seratendida.”Segundo ele, a culpa de não se fechar umpreço melhor com a Usiminas é da própriaTranspetro. “Por várias vezes, a Transpetro chegou naimprensa para dizer que o aço estava inviabilizando o programa[de modernização da frota]. O que se verifica éque este programa tem sofrido freqüentes atrasos. Era para tersido iniciado há três anos, não foi; dois anos, nãofoi; um ano, não foi. Tem sido adiado. A Transpetro senta comas usinas, negocia qualidade, condição de fornecimento,preço, acerta tudo. Aí, o programa não vaiadiante, sofre um novo atraso. Evidente que você senta paradiscutir, cinco, seis meses na frente, tem que rever as condiçõestodas.”Marco Pólo questiona por que só para aindústria naval a siderurgia tem sido problema, se ela temsido solução para o parque industrial inteiro. “Nomínimo, tem que se criar aí um ponto de interrogaçãoe a suspeição de que existe um outro interesse, que éjogar sobre o setor siderúrgico uma responsabilidade de umprograma que vem sofrendo atrasos sistemáticos.”Quantoàs acusações de que o setor de chapa paranavegação está monopolizado, já que umaúnica empresa fabrica 100% do produto, o executivo diz quetrata-se de má fé ou total desconhecimento. “Umparque siderúrgico, com várias empresas produzindo eque hoje está aberto à importação, comuma alíquota zero, eu diria que, no mínimo é máfé ou total desconhecimento do que seja o setor no país.Não existe monopólio, não existe cartel. Nãoaceitamos este tipo de colocação de quem quer queseja.”Uma das saídas vislumbradas pelovice-presidente do IBS passa pela redução da cargatributária no segmento siderúrgico. “Eu acho que tudoo que puder ser feito pelo governo, eventualmente, se quiser dar umtratamento especial ao aço, desonerando a carga, que nãoé baixa, evidente que pode trazer algum nível de alívioe de algum avanço neste processo negocial. Uma das grandesprioridades que a siderurgia vem trabalhando é, exatamente,buscar uma reforma tributária que desonere [a produção].Não há como se obrigar [a baixar os preços].Isso aqui é uma economia de mercado, ou não é.”