Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os senadores que investigam denúncia de abusos na fiscalização do Ministériodo Trabalho e Emprego em uma ação contra o trabalho escravo na Fazenda ParáPastoril Agrícola (Pagrisa) voltam a se reunir nesta semana. Eles discutem uma operação que resgatou 1.108 trabalhadores em condição deescravidão na Pagrisa, em junho.No final de setembro, a Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério doTrabalho e Emprego suspendeu por tempo indeterminado as ações do Grupo Especialde Fiscalização Móvel, criado em 1995 para combater o trabalho escravo no país.A decisão foi tomada sob o argumento de que haveria “interferências políticas”.Na manhã de terça-feira (9), a Comissão Temporária Externa doSenado deve ouvir o chefe da operação na Pagrisa, o auditor Humberto Célio, oprocurador do trabalho que acompanhou a fiscalização, Luiz Antônio Fernandes etambém os donos da fazenda, os irmãos Fernão e Marcos Villela Zancaner.Em uma audiência pública realizada na semana passada, os senadores ouviram duas versões opostas sobre as condiçõesem viviam os trabalhadores da fazenda. De um lado, o ministério apresentoufotos e vídeos das condições degradantes dos funcionários da fazenda e, deoutro, a empresa contestou as provas da fiscalização também utilizando umvídeo sobre as instalações da fazenda.A Comissão Temporária Externa do Senado foi criada apedido do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), após uma visita à Pagrisa. Eleesteve na fazenda durante a operação de fiscalização, de acordo com asecretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela. O ministério considerou a atitude do parlamentar como“interferência” e suspendeu ao final de setembro todas as fiscalizações nopaís. O trabalho ainda não recomeçou.