Analista uruguaio defende que Argentina aposte para valer no Mercosul

07/10/2007 - 9h07

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Argentina deve apostar de verdade no Mercosul, defendeu o historiador e analista político uruguaio Gerardo Caetano em entrevista concedida à Agência Brasil para comentar as eleições argentinas, marcadas para 28 de outubro.“Isso implica impulsionar um conjunto de medidas de aprofundamento do bloco, que entre outras coisas incorpore o tema do reconhecimento das assimetrias [econômicas] dos sócios menores”, disse, referindo-se a Paraguai e Uruguai.Essa questão das assimetrias é um dos pontos de conflito que a Argentina não está procurando resolver, segundo Caetano. Ele afirma que os argentinos não estão acompanhando as tentativas brasileiras de melhorar a situação econômica dos outros membros.O historiador explica que, no último ano, o Brasil tem sido ativo na tentativa de amenizar as diferenças econômicas. “E houve grandes avanços nessa perspectiva, entre outras coisas por tudo o que o Brasil quis impulsionar como base de um acordo para o reconhecimento das assimetrias e que não foi aceito pela Argentina”.O doutor em ciência política e professor aposentado de História da Política Exterior do Brasil Luiz Alberto Moniz Bandeira discorda que a Argentina não se preocupe com o Mercosul. “A Argentina tem mais consciência do Mercosul do que o Brasil. Eu não estou falando o povo, mas a elite de lá tem muito mais consciência, o Brasil está muito voltado para si próprio”, afirmou.Para Moniz Bandeira, “não há saída para a Argentina fora do Mercosul, como também para o Brasil [a integração] é importante para negociação internacional”. Ele ressalta, ainda, a importância da entrada da Venezuela para o fortalecimento do bloco – a adesão ainda não foi aprovada pelos parlamentos brasileiro e paraguaio.“É um país fundamental para o Mercosul”, diz. “É um país riquíssimo... petróleo, gás, bauxita e tudo o mais que você imaginar. Está situado na bacia do Amazonas, à margem do Caribe, o que você quer mais do que isso para completar o eixo que formaria a União Sul-Americana de Nações hoje?”, questiona.Para o professor, o maior problema do Mercosul não são os governos dos países que o compõem, mas suas burocracias internas, não só do Brasil, mas também da Argentina, do Uruguai, do Paraguai. “Os governos chegam a um acerto, mas a burocracia...”