Movimentos sociais pedem a Lula mudanças estruturais na política econômica

16/08/2005 - 22h23

Brasília, 16/8/2005 (Agência Brasil - ABr) - Lideranças dos movimentos sociais pediram hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudanças estruturais, principalmente na política econômica. "Uma redução na taxa de juros e no superávit primário sinalizaria, dentro do governo, um reencontro com os movimentos sociais, já que para nós esta é uma questão de honra", afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício.

Também participaram do encontro, que durou cerca de duas horas, no Palácio do Planalto, os ministros do Trabalho, Luiz Marinho; do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias; da Educação, Fernando Haddad; da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e o assessor especial da Presidência, José Graziano.

Segundo João Felício, a política econômica foi o tema central da reunião e o presidente Lula disse que "vai levar em consideração" as demandas dos movimentos sociais. "Nós discordamos da política que tem sido adotada pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda. Na nossa opinião, é uma política muito conservadora", disse. Felício lembrou que alguns setores da sociedade querem aumentar o superávit primário e a taxa de juros. "Nós queremos o contrário", afirmou.

Valdir Misnerovicz, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, relatou que as lideranças insistiram, na reunião, que o governo precisa dar sinais efetivos de mudança. "Esta é uma crise grave, prolongada e estrutural e merece medidas estruturais. Caso contrário, fica difícil fazer a defesa do governo", afirmou.

E acrescentou: "O governo não vai conseguir cumprir os compromissos assumidos com os movimentos sociais, tanto na questão de geração de emprego quanto na questão da reforma agrária e na reorganização do estado sem mexer na política econômica".

Os movimentos sociais também enfatizaram a necessidade de formatação de um plano de reposição do salário mínimo, para evitar campanhas anuais pela reposição do poder de compra. "Quem respondeu foi o ministro do Trabalho, Luiz Marinho", contou João Felício. "Já está acertado com ele que a comissão lançada ontem para debater o plano de reposição do salário mínimo vai se reunir já nas próximas semanas. O objetivo é, até o final do ano, termos uma proposta acordada de reposição", afirmou.

Felício destacou que definir tal política é, neste momento, muito mais importante do que discutir valores para o salário mínimo. "Estamos muito otimistas quanto à possibilidade de encontrar uma solução duradoura", avaliou.

Os integrantes da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) promoveram hoje (16), na Esplanada dos Ministérios, ato público em defesa da ética na política, contra a corrupção e por mudanças nos rumos da economia.