Sarney diz que não se pode estender ao PT "erros e omissões de seus dirigentes"

16/08/2005 - 17h52

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente do Senado José Sarney afirmou hoje (16) na tribuna da Casa que não se pode estender ao Partido dos Trabalhadores (PT) "os erros e omissões de seus dirigentes". Sarney ressaltou que a esquerda lutou para conquistar e consolidar seus espaços que, a seu ver, são essenciais para a democracia. "Ela (esquerda) corresponde ao pensamento de uma grande parcela da população, e continua sendo uma das grandes forças do progresso da humanidade, inclusive nas sociedades mais capitalistas", afirmou Sarney.

Na avaliação do ex-presidente da República, a ascensão de Lula à Presidência da República em 2002 colocou no poder "uma esquerda equilibrada e responsável". Neste sentido, "sobretudo conseguiu o que parecia impossível: trazer uma enorme dose de confiança às forças econômicas, internas e externas. Está realizando um programa social de profundidade".

No seu discurso, José Sarney relembrou a crise política de 1955, iniciada a partir de denúncias de corrupção contra o governo, que culminou com o suicídio do presidente Getúlio Vargas. "Também naquela época, a oposição cruel, de que eu fazia parte, dizia que o Presidente estava envolvido, que era ele o mandante, que era ele o responsável, e diante deste ataque frontal só teve uma saída, que foi a saída de mostrar, com a sua morte, que ele não tinha o envolvimento nos crimes", afirmou o senador.

Segundo Sarney, "o Brasil que viveu o tempo da crise de Vargas tinha, como hoje, a sensação de que era o fim do mundo, que tínhamos chegado ao fim". A história, segundo ele, mostrou que os problemas passam. "Não podemos jamais responsabilizar o País nem permitir que o País sofra com problemas de uma crise existencial".

Sarney ressaltou que os momentos de crise política devem servir aos homens públicos como um momento para banir da vida pública "estes homens que a enlamearam". Além disso, o senador ressaltou a necessidade de se evitar que a democracia seja julgada "por aqueles que violaram os seus valores".