Presidente da Ubes diz que manifestação não é ''chapa branca''

16/08/2005 - 16h30

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Contra a corrupção, em defesa de uma reforma política democrática, com financiamento público de campanhas eleitorais, estudantes e integrantes de movimentos sociais realizaram hoje (16) um ato público na Esplanada dos Ministérios. O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Marcelo Gavião, negou que a mobilização tenha caráter "chapa branca".

"Muita gente disse que somos chapa branca. Isso quer dizer o quê, que 40 mil pessoas são chapa-branca? Essas pessoas defendem a reforma política porque acham que só isso resolve o problema. Mudanças na política econômica, apuração das denúncias e punição dos culpados".

Levando bandeiras do Brasil e de várias entidades que organizaram o evento e gritando palavras de ordem, os manifestantes também cobraram a apuração rigorosa das denúncias de corrupção no país e pediram mudanças no rumo da política econômica do governo. O protesto teve mais de dez mil pessoas, segundo os cálculos da Polícia Militar do Distrito Federal, e cerca de 40 mil, de acordo com os organizadores.

Para o presidente da Ubes, o combate à corrupção não se resume à cassação de parlamentares envolvidos com corrupção. "Tem que mudar os atores, mas também o cenário. E para mudar o cenário é preciso fazer a reforma política", reforçou. "O que ocorre no Brasil é que os empresários financiam as campanhas e, depois de eleitos, (os políticos) prestam conta não à sociedade que votou nele, mas aos empresários que financiaram sua campanha. Isso, na prática, é compra de mandato".

Na avaliação do universitário Renato Aguiar, 22 anos, a manifestação demonstrou a força dos estudantes brasileiros. "O movimento estudantil não está morto", disse, ao destacar que a cobrança por parte dos jovens é fundamental para o esclarecimento das denúncias de corrupção. Para ele, o momento atual é uma oportunidade para "limpar o país". "Quando a corrupção aparece, as pessoas se assustam. Mas é bom que apareça logo tudo de uma vez e que se punam todos".

A manifestação foi promovida pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que, além da Ubes, reúne a Confederação Nacional de Associações de Moradores (Conam), o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional por Moradia Popular (UNMP), a Central de Movimentos Populares (CMP), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Pastoral da Terra, entre outras entidades.