Maior desafio para atingir Metas do Milênio é levar esgoto a 52% das casas do país

16/08/2005 - 14h32

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Rio – Mais da metade das 50 milhões de residências do país não são atendidas por uma rede pública de esgoto, segundo levantamento feito em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O governo brasileiro reconhece que este é o maior desafio para alcançar as metas do milênio.

As oito metas, que deveriam ser atingidas em 2015, foram estabelecidas pelos governos na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em 2002 em Johannesburgo, África do Sul. A sétima meta é "Garantir a sustentabilidade ambiental", em que está incluído o atendimento com serviço público de esgoto.

Mas os investimentos que vêm sendo feitos pelo governo são insuficientes para levar o esgotamento sanitário a pelo menos a metade da população desprovida, admitiu hoje (16) Gilney Viana, secretário de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente. Gilney participou hoje de encontro no Rio de Janeiro, com empresários e representantes de organizações não-governamentais para avaliar o cumprimento das Metas do Milênio.

"O saneamento é uma das metas mais difíceis para qualquer país em desenvolvimento, porque requer investimentos de grande monta e as obras são invisíveis, mas necessárias do ponto de vista ambiental e também para a saúde pública. Acho até possível chegarmos a 2015 com 100% de cobertura, mas ainda não está visível no horizonte", acrescentou.

Viana lembrou, no entanto, que o Brasil vem avançando na preservação da biodiversidade, na proteção da camada de ozônio, na melhoria da qualidade da água e também no combate à Aids.

Para o presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Fernando Almeida, os avanços conseguidos nos últimos três anos foram insuficientes e "não haverá tempo para recuperar as ações até 2015, quando nova reunião será feita para avaliar a situação do planeta".

No caso do Brasil, Almeida defendeu uma mudança de rumo das políticas públicas. "As ações têm que ser mais socialmente inclusivas e de uma forma que possam agregar a manutenção dos recursos naturais", acrescentou.

Ainda segundo o empresário, além do saneamento, as metas sobre inclusão social, pobreza e renda também serão difíceis de ser atingidas.

O encontro, no auditório do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) segue até esta quarta-feira com palestras sobre pobreza, fome, inclusão social, recursos naturais e planejamento governamental para o desenvolvimento sustentável.