Ex-tesoureiro do PL diz que não questionava origem ou destino de dinheiro

16/08/2005 - 19h28

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas chegou emocionado para o depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Compra de Votos. Ele disse ter sido ameaçado por telefone e atribuiu as ligações à divulgação de seu patrimônio pela imprensa. Lamas é apontado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo empresário Marcos Valério como sacador de cerca de R$ 10,5 milhões destinados ao PL.

Lamas confirmou que levava envelopes e pacotes para o presidente do partido, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, e que pegava os pacotes na agência do Banco Rural em Brasília e na sede da agência de publicidade SMP&B, em Belo Horizonte, mas ressaltou que não sabia os valores que transportava.

"Eu sou um funcionário disciplinado. Não questionava o presidente do partido sobre a origem ou a destinação do dinheiro", afirmou Lamas. Ele contou que chegou a ouvir o ex-deputado Valdemar Costa Neto reclamando ao telefone com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares sobre o não-pagamento de recursos destinados ao ressarcimento de despesas da campanha eleitoral de 2002.

Por diversas vezes, durante o depoimento, Jacinto Lamas riu ao responder às perguntas dos parlamentares. "Eu me deixei levar pelo clima descontraído e me desculpo por isso", disse o ex-tesoureiro do PL.

O presidente da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), criticou o depoimento e pediu mais esclarecimentos. "Quero lamentar. O senhor poderia dar uma versão mais palatável e verossímil, mas, da maneira como fala, está fugindo do realismo. Não percebemos uma conduta verdadeira", disse o senador ao depoente.