Ex-tesoureiro diz que Dirceu tinha conhecimento de supostos repasses do PT ao PTB

16/08/2005 - 16h01

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri afirmou hoje em depoimento que nunca participou de reunião com o deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro chefe da Casa Civil, para tratar sobre o repasse de verbas do PT para o PTB. Ele disse que José Dirceu sabia das negociações nesse sentido, porque o deputado Roberto Jefferson (PTB –RJ) conversava com o ex-ministro sobre o assunto. "Ele conversava com o ministro Zé Dirceu, com o Genoino (José Genoíno), com o Delúbio (Delúbio Soares). Isso eu vi diversas vezes", afirmou Palmieri.

O ex-tesoureiro disse que José Dirceu sempre era consultado após as reuniões com os dirigentes do PT. "Depois de todas essas conversas, sempre havia uma ligação, ou do Delúbio ou do Genoíno, para o deputado José Dirceu. É o que eles diziam: ‘Vou ligar para o ministro José Dirceu’", relatou Palmieri. Segundo o ex-tesoureiro, depois das conversas com o ex-ministro, os dirigentes do PT afirmavam que estava tudo certo com relação ao repasse dos recursos.

Palmieri reafirmou que o PT repassou para o deputado Roberto Jefferson R$ 4 milhões em duas parcelas: a primeira de R$ 2,2 milhões e a segunda de R$ 1,8 milhão. Ele disse não saber como a verba foi utilizada. O ex-tesoureiro explicou aos parlamentares que guardou o dinheiro no cofre do PTB e, três dias depois, disse ao deputado Roberto Jefferson que, por questão de segurança, estava preocupado com a quantia que estava no cofre. Roberto Jefferson teria dito, então, que o dinheiro não estava mais lá.

O ex-tesoureiro declarou ainda que o PTB não recebeu dinheiro vindo de fora do país e que nunca soube do suposto esquema do pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado "mensalão". Emerson Palmieri contestou também a veracidade da lista de sacadores entregue pelo empresário Marcos Valério à comissão. Pela lista, o ex-tesoureiro teria sacado R$ 2,4 milhões das contas da agência de publicidade de Marcos Valério.

Palmieri nega os saques. "Não saquei absolutamente nada disso", afirmou. Ele reconheceu dois saques de R$ 100 mil feitos por Alexandre Chaves, que, segundo ele, foi motorista de Ciro Gomes quando o PTB apoiou o candidato à Presidência da República. O ex-tesoureiro afirmou que os R$ 200 mil teriam sido repassados à filha do motorista, que estava com problemas pessoais. Palmieri disse saber também de um outro saque de R$ 145 mil para pagamento de despesas em propaganda de televisão e um outro de R$ 200 mil que o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) teria repassado para o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) também para pagamento de programas de televisão.