Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é um dos 95 órgãos federais que adotaram o software livre. Para o presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Sérgio Amadeu da Silveira, a experiência é a mais inovadora em curso. "Eles têm uma idéia de fazer um desenvolvimento colaborativo de softwares para o setor agrícola brasileiro", diz Amadeu.
Com um vasto conhecimento agropecuário distribuído em 40 unidades de pesquisa, a Embrapa Informática Agropecuária criou, em março de 2004, a Rede de Software Livre para Agropecuária – AgroLivre (www.agrolivre.gov.br). A chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária, Sônia Ternes, explica que a Rede possui dois objetivos: implantar o software livre na Embrapa e ofertar softwares gratuitos para o setor agropecuário.
Em relação ao primeiro objetivo, algo entre 60% e 70% dos computadores servidores da Embrapa já migraram para softwares livres. Em relação às máquinas dos funcionários, chamadas de desktops, a empresa está fornecendo treinamentos por videoconferência e preparando os multiplicadores que irão capacitar os funcionários para o uso dos aplicativos diários.
O segundo objetivo também já foi parcialmente cumprido. Até o momento foram instalados quatro softwares, que incluem a análise estatística de dados, um sistema de controle de rebanho leiteiro e um que permite organizar e visualizar informação no formato de árvore. "Nós estamos preparando esses aplicativos para também estarem disponíveis via internet para a sociedade de modo geral poder utilizar", afirma Sônia.
Outra experiência de sucesso citada por Sérgio Amadeu é a do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Na estatal, o processo de implantação de software livre teve início em 2002. Em 2003, foi instalado o comitê de implantação do software livre. Hoje a empresa possui mais de 300 servidores utilizando software livre e vários projetos em andamento.
Na opinião de Sérgio Amadeu, para acelerar o ritmo de implantação de software livre nas estatais duas coisas são necessárias: normatizar a política do software livre e aplicar mais recursos no processo de migração. "Nós estamos propondo R$ 200 milhões em dois anos para economizar em licenças de propriedades de softwares", diz Sérgio. "Se o governo federal fizer isso, vamos ser um governo mais ágil, mais seguro e com uma infra-estrutura de tecnologia da informação muito mais barata".