Parlamentares da base aliada apóiam decisão do Supremo

12/05/2005 - 20h52

Iolando Lourenço e Gabriela Guerreiro
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar a abertura de inquérito criminal para investigar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, recebeu o apoio dos parlamentares da base aliada. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que a decisão do Supremo será respeitada pelo governo federal, "qualquer que venha a ser". Ele ressaltou, no entanto, que é preciso aguardar a defesa do presidente do BC junto ao Supremo para não ocorrerem prejulgamentos. Meirelles é acusado de praticar crime contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas e crime eleitoral antes de assumir a presidência do BC.

Para o vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlito Merss (PT-SC), se o STF apontar a existência de irregularidades envolvendo Meirelles, ele deve deixar o cargo. "Se tiver confirmação, demissão exemplar, como qualquer outro cidadão brasileiro. Não existem pessoas no Brasil que sejam inimputáveis. Acho que tem que acabar com essa história de que mudança de ministro, acabou o mundo", enfatizou. Segundo Merss, as denúncias contra o presidente do Banco Central não mexem com o mercado financeiro, como ocorria no passado. "Os especuladores sempre se utilizaram disso, mas acho que essa fase no Brasil, graças a Deus, já acabou".

O líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES), disse que o processo contra Henrique Meirelles pode criar "uma certa instabilidade" momentânea no mercado financeiro, mas deve ser levado até o fim. "É a oportunidade que o Meirelles tem de resolver, explicitar e esclarecer, numa instância definitiva, essa situação", afirmou. Casagrande defendeu a presença do presidente do Banco Central no Congresso para esclarecer as denúncias espontaneamente, ou convocado pelos parlamentares.

O vice-líder do PFL na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), elogiou a decisão do STF. Segundo ele, o ministro Marco Aurélio Mello mostrou que o "Judiciário é um poder independente", ao decidir pela abertura do inquérito criminal. "O presidente do Banco Central agora vai ter que se explicar muito bem explicado. E não só no STF, mas também no Congresso Nacional. Chegou a hora da base do governo aceitar que ele venha ser ouvido aqui, tanto na Câmara quanto no Senado", enfatizou.

O líder da Minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), afirmou que as investigações serão importantes para que o próprio presidente do Banco Central possa explicar as irregularidades de que é acusado. "Pode ficar provado que ele não tem nenhuma culpa. Eu não sou daqueles que prejulgam as pessoas. A investigação é necessária e bem-vinda. O ruim é o governo vetar a investigação, tentar impedi-la, como impediu no caso Waldomiro Diniz", criticou.