Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Os líderes da base aliada no Congresso Nacional também apoiaram a decisão do Ministério Público de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de inquérito criminal para investigar o ministro da Previdência Social, Romero Jucá.
Segundo o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), é comum existirem denúncias no Ministério Público contra autoridades dos diversos entes federativos. "Você não tem um administrador público no país que não tenha uma representação do Ministério Público. Isso é da natureza do poder. Qualquer tipo de indício, suspeição, ou a necessidade de apurar fatos relacionados à vida pública e administrativa, o Ministério Público representa. O órgão que analisa se há ou não procedência na denúncia é o STF, quando diz respeito a ministro", ressaltou.
O ministro Romero Jucá é acusado de irregularidades na contratação de empréstimo junto ao Banco da Amazônia (Basa), em 1996, e respectivo uso do dinheiro. Para o vice-líder do governo na Câmara, Carlito Merss (PT-SP), se forem confirmadas as irregularidades de que Jucá é acusado, o ministro deve deixar o governo. "Se tiver problema, sai do governo. Normal. Essa é a diferença deste governo. Acho que o presidente tem razão, quando diz que não pode sair demitindo por manchete de jornal", ressaltou.
Carlito Merss isentou o governo federal e o PT da responsabilidade sobre a indicação de Jucá para o Ministério. "Não fomos nós que indicamos o Jucá. Houve discussão no PMDB. Nós estamos tentando criar uma base parlamentar aqui, não temos como opor os nomes, os partidos indicam os nomes", disse ele.
O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldmann (SP), criticou o governo federal por ter enfrentado no mesmo dia a abertura de processo contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e aprofundamento das investigações sobre o ministro Romero Jucá, solicitado pelo Ministério Público. "O presidente precisa assumir a responsabilidade sobre essa situação. A gente não pode fazer prejulgamento nem de um, nem de outro caso. Acontece que ministros de governo têm que estar acima de qualquer suspeita, ainda que as suspeitas sejam infundadas", afirmou.
Na opinião do líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES), a base aliada do governo não pode questionar o poder do Ministério Público. "As instituições estão aí para isso. Havendo dúvida no comportamento público de alguma liderança, as instituições devem funcionar. Não tem como ser contra investigação. Todos nós temos que fortalecer as instituições para que elas possam funcionar de forma competente e isenta", disse.