Ocupação em Conceição do Araguaia só será suspensa com retomada de reserva ambiental, diz CPT

03/05/2005 - 18h37

Lucas Parente
Da Agência Brasil

Brasília – A ocupação dos prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Conceição do Araguaia, a 940 quilômetros de Belém, só será suspensa quando os madeireiros e grileiros forem retirados de uma área considerada reserva ambiental.

A informação é do agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Conceição do Araguaia José Gladson. Desde ontem (2), cerca de 250 trabalhadores rurais do projeto de assentamento Padre Josimo Tavares, antiga fazenda Bradesco, ocupam os prédios para reivindicar a retomada de uma área de mais de 30 mil hectares invadida por madeireiros e grileiros.

Segundo Gladson, a área invadida foi considerada reserva ambiental em 1997, em um acordo feito com os trabalhadores rurais, Incra, Ibama e Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA), que até agora não saiu do papel. Hoje o assentamento abriga cerca de 800 famílias.

"Desde o final de 2004, grupos de grileiros e fazendeiros começaram a invadir a reserva com o objetivo de vender terras e madeiras ilegalmente. Mas o Ibama, o Incra e a Polícia Federal não tomaram medidas convincentes para a retirada dos grileiros", acrescentou.

Nos últimos seis meses foram firmados vários acordos entre os trabalhadores rurais e o Incra, mas até o momento nada foi cumprido e a situação se agrava a cada dia.

Gladson revelou que um documento está sendo enviado aos ministros do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e do Meio Ambiente, Marina Silva, para pedir providências. "Com isso os trabalhadores rurais esperam que o Incra, Polícia Federal, Ibama e o Ministério Público ajudem a retirar os ocupantes da reserva ambiental e assegurem a contratação de vigilantes para o local", afirmou. Segundo ele, por enquanto o clima na região é de tranqüilidade.