Diretor da Abin diz que objetivo da parceria com agência cubana é trocar experiências

03/05/2005 - 20h12

Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Mauro Marcelo de Lima e Silva, prestou hoje esclarecimentos à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados sobre sua viagem oficial a Cuba na última semana de fevereiro deste ano. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) pediu a presença de Lima e Silva na Comissão para detalhar o intercâmbio de conhecimentos da Abin com serviços de inteligência de outros países, especialmente Cuba.

Lima e Silva permaneceu em Havana por três dias, quando se reuniu com membros da Dirección General de Inteligência (DGI), o serviço secreto cubano, para a troca de experiências sobre os serviços de inteligência dos dois países.

Segundo ele, o Brasil decidiu reativar a parceria com a agência cubana de inteligência depois de 50 anos. "São trocas de informações exclusivamente no que há convergência. Não importa se o regime é totalitário, eu não posso interferir na política interna do país. Isso independe do regime do país. A matéria-prima do Brasil é a informação", enfatizou.

Para o deputado Fernando Gabeira, o Brasil deve ter cautela ao manter relações com países que não possuem sistemas políticos democráticos. "Sempre vi com bons olhos a nossa relação com Cuba. Mas o regime do Brasil é democrático, e o de Cuba não. Se o Brasil fosse reatar sua relação de inteligência com Cuba, isso deveria ter passado pelo Congresso", criticou Gabeira.

Na avaliação do dirertor da Abin, os parlamentares e a imprensa estão confundindo o papel da agência. "Estão fazendo uma grande confusão. A Abin mantém contato com todos os países onde há pontos de convergência, preocupações semelhantes. (...) Ninguém está indo fazer curso em Cuba. A gente não quer aprender nenhum método cubano. Estamos trocando informações em vários níveis, por isso a visita para descobrir os pontos de convergência", garantiu.

Lima e Silva disse que o Brasil troca informações de inteligência, atualmente, com pelo menos 50 países e o objetivo da agência é aumentar esse número. "Estamos com a política de abrir novas fronteiras. Vamos este ano abrir canal de comunicação com a Argélia, que não temos. Na realidade, nós estamos dando prioridade à América Latina. A Abin hoje tem um escritório na Argentina, estamos abrindo mais quatro escritórios que devem ser Paraguai, Bolívia, Venezuela e Colômbia. A prioridade é América Latina, mas precisamos ter ponto na Europa, e um na Ásia. E aí há convergência de interesses", afirmou.