ANS adia criação de ranking dos planos de saúde por deficiência de dados apurados em pesquisa

03/05/2005 - 20h36

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As empresas de planos de saúde ainda têm dificuldade de fornecer dados sobre sua operação, revelam os resultados do Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS). A pesquisa foi divulgada hoje pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. "Muitas empresas não tiveram estrutura para fornecer as informações exigidas", diz o documento. O resultado dessa deficiência foi a baixa média das notas obtidas pelas empresas, segundo a ANS. Num índice que vai de zero a um, a média nacional ficou abaixo de 0,5.

No futuro, a pesquisa, que deverá ser realizada de forma periódica, servirá para orientar os usuários por meio de um ranking de desempenho das empresas. Dada a falta de informações verificada nesta primeira rodada do estudo, a divulgação desse ranking foi adiada para a segunda edição da pesquisa, daqui a seis meses, segundo a agência.

Na pesquisa, os nomes das empresas não foram divulgados. "Achamos que poderíamos cometer alguma injustiça, já que quem não tem a informação recebe nota zero naquele item. Para não criarmos nenhuma distorção e isso influenciar na decisão do cliente, preferimos fazer uma comparação por segmentos. A próxima pesquisa deverá ter uma classificação das empresas", anunciou o ministro da Saúde, Humberto Costa.

Para o ministro, o grande volume de informações não prestadas pelas empresas se deve ao fato de que "em 2003, ainda não se atribuía uma importância muito grande a essas informações".

Foram analisadas 2.225 empresas, com notas de zero a um, em quatro diferentes critérios. De acordo com o presidente da ANS, Fausto Santos, "97% das notas zero foram dados por falta de consistência nos dados e não por as empresas serem ruins". O grande número de "zeros" afetou o resultado geral. As empresas estudadas atendem a 38 milhões de beneficiários. A análise foi feita com base em dados de 2003.

Na avaliação geral do Índice de Desempenho por Porte das Operadoras Médico-hospitalares, as empresas de Porte 1 (até 9.999 beneficiários) têm nota média de 0,41, as de Porte 2 (10 mil a 99.999), 0,53, e as de Porte 3 (mais de 100 mil), 0,49. Na média geral, a nota do setor é 0,45.

Já o Desempenho por Porte do setor Odontológico mostra que as empresas de Porte 1 (1 a 4.999 beneficiários) obtiveram a nota 0,41, as de Porte 2 (5 mil a 19.999) 0,53 e as de Porte 3 (mais que 20 mil) 0,59. Na média geral, o IDSS das empresas odontológicas é de 0,50.

Já no aspecto Satisfação do Beneficiário, as notas são maiores. O setor médico-hospitalar ficou com 0,6 e o setor odontológico com 0,9.

Os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro apresentam o maior número de beneficiários, com mais de 2 milhões de pessoas cada. Já no Acre, Roraima, Amapá e Tocantins, menos de 100 mil pessoas em cada um dos estados são beneficiárias de planos de saúde ou odontológicos.

De acordo com o presidente da ANS, a próxima pesquisa deve ser divulgada em seis meses. "Esperamos que em 2004 possamos individualizar as empresas, permitindo um grau maior de comparação, que é o objetivo do programa, trazer ao consumidor a possibilidade de ter mais um elemento para sua escolha no momento de aderir a um plano de saúde", diz.

Na pesquisa, foram analisados dados sobre a qualidade da atenção a saúde, econômico-financeira, de estrutura e operação e a satisfação dos beneficiários.