02/06/2004 - 1h12

Escritor vincula solução de problema ecológico à justiça social

Brasília, 2/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - "O Titanic está afundando e nós estamos na festa, vendendo pérolas. Mas desta vez não há Arca de Noé nem salva-vidas". Assim o filósofo e teólogo Leonardo Boff definiu a devastação dos recursos naturais do planeta, pelo homem. Em palestra no Teatro da Caixa Econômica Federal, ontem à noite, o escritor lembrou que se as mudanças climáticas já trazem catástrofes como o ciclone que atingiu o Brasil, a junção do aquecimento global com a escassez de água potável deve trazer danos incalculáveis, em um espaço de tempo muito curto.

"Daqui a cinco ou sete anos, há o risco de as duas linhas se encontrarem em algumas partes do planeta, como o sudeste da Ásia, e o encontro produzir um desastre na produção de alimentos capaz de desestabilizar os limites políticos das nações", afirmou.

Apenas 3% da água existente no planeta são potáveis. Desse total, somente 0,7% está acessível. A maior parte da água utilizada, quase 70%, vai para a agroindústria e apenas 10% são para o consumo doméstico. O Brasil possui 13% de toda a água doce do planeta e desperdiça 46% do que utiliza. "Água suficiente para abastecer toda a França, Suíça, Bélgica, Holanda e o norte da Itália", ressaltou Boff. Para produzir um quilo de carne bovina são gastos 15 mil litros de água e para um quilo de vegetais, 1.300 litros, acrescentou.

Na opinião do escritor, o problema ecológico mundial só será resolvido quando as injustiças sociais forem sanadas. "Hoje há um bilhão de pessoas que passam sede e dois bilhões que não têm água tratada. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que quase 80% das doenças que hoje atingem a população dos países pobres se devem ao uso de água contaminada. No Brasil, dois terços da população não têm água tratada", aponta.

02/06/2004 - 1h11

Ciclone no Sul é conseqüência de aquecimento global, diz Boff

Brasília, 2/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - Não são apenas as futuras gerações as prejudicadas com os danos que a Terra vem sofrendo em consequência da emissão de gases poluentes. Hoje, todo o planeta já começa a ter alterações climáticas em virtude do aquecimento global. O ciclone que afetou o Sul do país, em março, é um exemplo. "A origem está a 4.500 quilômetros, no Oceano Pacífico, ao redor da Austrália, onde a temperatura das águas superficiais aumentou de um a três graus", explica o filósofo e teólogo Leonardo Boff, que fez palestra sobre "Ecologia e Política no Brasil" ontem à noite, no Teatro da Caixa Econômica Federal.

O escritor lembra que, segundo os cientistas, ao longo do século XXI o clima da Terra vai subir entre 1,4 e 5,8 graus. "Isso vai produzir um desastre tremendo, pois 60% da população mundial vivem nas costas dos oceanos". Hoje, alerta, "o Everest já está se derretendo; com o degelo, o nível dos lagos sobe e podem ocorrer devastações jamais vistas".

Só o Brasil joga no ar, por ano, 200 milhões de toneladas de dióxido de carbono, "vindas principalmente das queimadas, para abrir fronteiras que dão passagem ao gado". As queimadas no Brasil devastam 150 mil quilômetros quadrados de matas por ano. Só na Amazônia, em 2003, 23 mil quilômetros quadrados de floresta foram desmatados.

Os cientistas aconselham que se reduza em 60% a emissão de gases e o Protocolo de Kioto pede a redução de 5,2%. Mas os Estados Unidos, um dos maiores poluentes, ainda se recusam a assinar o Protocolo. "O argumento de Bush é que a redução prejudicaria a indústria automobilística e como ele não é contra a indústria, não assinaria", disse Leonardo Boff.

02/06/2004 - 1h08

Boff alerta para conseqüências do consumo de alimento transgênico

Brasília, 2/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O consumo de alimentos transgênicos pode levar ao desenvolvimento de novas doenças na humanidade, como o vírus da Aids. O alerta é do teólogo e filósofo Leonardo Boff, que fez palestra na noite de ontem sobre "Ecologia e Política no Brasil", no Teatro da Caixa Econômica Federal. Segundo Boff, "a gente não sabe as conseqüências disso; os países mais sérios não querem saber de transgênicos: é o caso da China, que com sua sabedoria milenar, está rejeitando".

Defensor dos direitos humanos e ganhador do Prêmio Nobel Alternativo em Estocolmo, em 2001, pelos trabalhos na área, ele explica que os elementos têm uma ordem: "Se você modifica, de repente, a orelha nasce nas costas e uma mão fica com oito dedos". Para exemplificar, Boff compara o consumo atual dos transgênicos com o uso de medicamentos. "Se invento um remédio, é preciso testá-lo por vários anos. Ele pode matar pessoas, então é preciso testar de mil maneiras para depois liberar. Assim são os transgênicos. E nós não temos o tempo suficiente".

Escritor de "Ecologia: Grito dos Pobres", entre seus 60 títulos, Boff lembrou que a ciência ainda não sabe, ao certo, como as novas bactérias que surgem com os transgênicos se combinam com as colônias de bactérias que estão dentro dos seres humanos. "Cada centímetro quadrado do nosso estômago tem dez bilhões de bactérias – na região do ânus, são 30 bilhões por centímetro quadrado. Todas funcionam sincronicamente. Se uma fica louca, pode trazer uma doença que nos mata. É o que se suspeita da Aids: uma bactéria que está há milhões de anos em nós, enlouqueceu e começou a comer o núcleo das outras."

A tecnologia trouxe ao homem o poder de mudar geneticamente os seres vivos, porém "onde há poder é necessário que haja responsabilidade", afirma o filósofo. "O Estado tem que ser ético: se não tem certeza, não deve usar, mesmo que isso irrite seus empresários ou os agricultores. Esse é o princípio da responsabilidade", propôs Leonardo Boff.

01/06/2004 - 23h46

Bancada do PT fecha questão pelo mínimo de R$ 260

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A bancada do PT na Câmara decidiu há pouco, por 36 votos contra 16 e uma abstenção em fechar questão em torno do salário mínimo proposto pelo governo de R$ 260,00. A Medida Provisória deverá ser votada em sessão extraordinária da Câmara já convocada pelo presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT/SP).

O parlamentar disse, no entanto, que a votação da matéria dependerá das negociações que acontecerão com os partidos da base aliada e da oposição durante toda amanhã dessa quarta-feira. O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, passará toda amanhã desta quarta-feira reunido com líderes dos partidos da base aliada na Câmara para garantir os 257 votos necessários para aprovar a Medida Provisória.

01/06/2004 - 23h30

Ministro de Hacienda descarta dos aumentos del salario mínimo en el año

Brasília, 2/6/2004 (Agencia Brasil) - El ministro de Hacienda, Antonio Palocci, se reunió el martes por un par de horas con los integrantes del Partido de los Trabajadores en la Cámara, para defender la propuesta del gobierno de reajuste del salario mínimo para US$ 82,6 (R$ 260).

Entrevistado por la prensa, Palocci descartó la posibilidad de que se concedan dos reajustes en el salario mínimo este año como propone el diputado, Virgilio Guimarães (Partido de los Trabajadores/Minas Gerais). Según Palocci, esa proupesta no es viable y agregó que "no hay argumento que sostenga la propuesta de que se concedan dos reajustes del salario mínimo en 2004".

Al dejar la reunión Palocci dijo que no hay resistencia por parte de los parlamentarios en votar el salario mínimo propuesto por el gobierno. Según él, lo que hay "es una discusión procedente de las necesidades que el país y el gobierno tienen en intervenir positivamente en la cuestión de la renta". El ministro de Hacienda demostró a los parlamentarios con un gráfico el trabajo hecho por el gobierno en lo que se refiere a la distribución de renta. Según él, las dificultades para dar un reajuste mayor al salario mínimo, no se resumen en cuestiones presupuestales. "El gobierno está invirtiendo US$ 3.300 millones (R$ 10.500 millones) en la LOAS (Ley Orgánica de Asistencia Social) y en el Bolsa Familia".

Palocci, consideró importante la decisión del PT de discutir las políticas de mediano y largo plazos para la recuperación del poder de compra del salario mínimo.

Reportero: Marcos Chagas
Traductora: Alicia Rachaus

01/06/2004 - 23h26

Palocci se reúne com bancada do PT e descarta dois aumentos do mínimo no ano

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deixou há pouco o Congresso, onde reuniu-se por mais de duas horas para defender na bancada do PT, na Câmara, a proposta do governo de reajuste do salário mínimo para R$ 260,00. Em entrevista à imprensa, Palocci descartou a possibilidade de se conceder dois reajustes do mínimo ainda este ano como propõe o deputado, Virgilio Guimarães (PT/MG). Segundo Palocci, essa proposta não é viável, "assim como não é viável um aumento neste momento, em novembro não faria muita diferença". Acrescentou no entanto, que "não há argumento que sustente" a proposta de se conceder dois reajustes do salário mínimo em 2004.

Ao deixar a reunião da bancada do PT na Câmara, Palocci disse, ainda, que não há resistência de parlamentares de votar o salário mínimo proposto pelo governo. Segundo ele, o que há "é um debate procedente sobre as necessidades que o país tem e que o governo tem de interferir positivamente na questão da renda". O ministro da Fazenda demonstrou aos parlamentares com gráfico o trabalho feito pelo governo no que se refere a distribuição de renda. Segundo ele, as dificuldades para dar um reajuste maior ao salário mínimo, não se resume as questões orçamentárias. "O governo está investindo R$10,5 bilhões na LOAS (Lei Orgância da Assistência Social) e no Bolsa-Família".

Segundo Palocci, essas são opções que o governo têm feito de transferência de renda tão importantes quanto o salário mínimo. Ele considerou importante também a decisão da bancada do PT de discutir políticas de médio e longo prazos para a recuperação do poder de compra do salário mínimo. Palocci destacou que o governo tem toda a possibilidade de implementar essa política se houver uma proposição da bancada.

01/06/2004 - 22h56

Rebelo vai conversar com todos os líderes para tratar da MP do mínimo

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, fará amanhã uma verdadeira peregrinação pelos gabinetes das lideranças dos partidos da base aliada para tratar da votação da Medida Provisória que elevou o salário mínimo para R$ 260. Durante as conversas, o ministro Aldo Rebelo irá tentar convencer os aliados da importância de aprovar nesta quarta-feira a MP sem qualquer alteração.

A decisão do ministro de fazer a peregrinação foi em face da base aliada ter decidido antecipar a votação da MP, que estava prevista para a próxima semana. Com a antecipação da votação, muitas reuniões dos partidos da base serão realizadas nesta quarta-feira para discutir a votação da MP e também para que os partidos se posicionem sobre a matéria.

A pauta de reuniões do ministro prevê o primeiro encontro com o líder do governo, deputado Professor Luizinho(PT-SP), às 9 horas. Às 9h15, a reunião será com o líder do PMDB, deputado José Borba(PR); às 9h30, com o líder do PP, deputado Pedro Henry(MT); às 9h45, com o líder do PTB, José Múcio(PE); às 10 h., com o líder do PL, Sandro Mabel(GO); às 10h15, com o líder do PPS, Júlio Delgado(MG); às 10h30, com o líder do PCdoB, Renildo Calheiros(PE); às 10h45, com o líder do PT, Arlindo Chinaglia(SP), às 11 horas, com o líder do PSC, Pastor Amarildo(TO); às 11h15, com o líder do PSB, Renato Casagrande(ES); às 11h30, com o líder do PDT, Dr. Hélio(SP); e às 11h45, com o líder do PV, Sarney Filho(MA).

O presidente da Câmara, deputado João Paulo(PT-SP), convocou sessão extraordinária da Casa para às 12 horas para iniciar a votação da MP do salário mínimo. Por acordo firmado entre João Paulo e a oposição serão realizadas duas votações nominais da proposta. Uma das votações será sobre a proposta original e a outra sobre um novo valor para o salário mínimo.

Para a aprovação da matéria é necessária a maioria simples de votos, metade mais um dos presentes em Plenário, desde que estejam presentes no mínimo 257 dos 513 deputados.

01/06/2004 - 22h54

PEC do trabalho escravo ficou para próxima semana

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As votações das emendas constitucionais que tratam da desapropriação de terras onde houver trabalho escravo e da emenda que trata da reforma da previdência, previstas para hoje, foram adiadas para outra data. Embora as duas PECs constem da pauta de votações desta quarta-feira, com a votação da Medida Provisória do salário mínimo, as votações dessas PECs devem ser transferidas para a próxima semana.

Na sessão de hoje, a Câmara aprovou requerimento retirando de pauta o projeto do Executivo que trata da recriação da Sudene. O Plenário aprovou, por votação simbólica, o projeto que autoriza o Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia - Hemobrás. No entanto, a votação não foi concluida por falta de quorum. Ficaram para ser votados três destaques apresentados à proposta.

01/06/2004 - 22h21

Genoíno diz que ''paciência e diálogo''marcarão discussão do mínimo

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os líderes da base aliada do governo estão dispostos a convencer os 21 deputados petistas que ameaçam votar contra a Medida Provisória que fixa o salário mínimo em R$ 260 a mudarem de posição. Segundo o presidente do PT, José Genoíno, a paciência e o diálogo vão marcar as negociações até a votação da MP – especialmente amanhã-, caso o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, e a bancada do PT decidam incluir a medida para votação nesta 4a. feira. "Não tem mudança nos R$ 260. O governo comunicou oficialmente à presidência do PT que não tem mudança. Nós podemos discutir novas propostas depois de aprovar os R$ 260", enfatizou.

Segundo Genoíno, a idéia do governo é criar uma política de recuperação do mínimo que possa vigorar a partir do ano que vem. A executiva nacional do partido, de acordo com o presidente do PT, já fechou questão em favor dos R$ 260. "Se a bancada decidir no mesmo rumo, a questão está automaticamente fechada", ressaltou.

Sobre as doações a campanhas eleitorais do PT que teriam sido efetivadas com dinheiro desviados por envolvidos na Operação Vampiro, José Genoíno disse que o partido nunca teve conhecimento de qualquer prática nesse sentido. "Ninguém no PT tem autorização no partido para fazer qualquer contato. Se houve ajuda na campanha, deve prestar contas na Justiça, mas não tem problema nenhum com o PT", enfatizou.

01/06/2004 - 22h13

Dirceu diz que governo Lula prioriza inclusão social

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ressaltou hoje que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não "deixou de lado" o programa que tem como prioridade a inclusão social. Segundo o ministro, o PT sempre se apoiou na luta social e em ações institucionais. "Nós podemos nos apresentar perante a sociedade de cabeça erguida. Temos cumprido o nosso programa com humildade e prioridade na justiça e igualdade social", ressaltou.

Durante lançamento da nova revista do PT, "Cidades Vivas", o presidente do partido, José Genoíno, também ressaltou que as críticas sobre a atuação do governo Lula no campo social são infundadas. "Nosso governo fez colocar as pessoas como seres humanos. Não fizemos da administração aventuras", disse.

Divulgar conteúdo