Violência cresce no interior porque políticos "comandam ações da polícia"

07/03/2007 - 19h45

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Mapa da Violência, divulgado recentemente, revelou aumento maior da violência no interior do país do que nas capitais e regiões metropolitanas. Uma das causas é a pressão política exercida por prefeitos, vereadores e deputados na atuação das polícias municipais, na opinião do vice-presidente do Movimento Nacional pela Segurança Pública (MNSP), o sub-tenente Luiz Gonzaga Ribeiro.“Eu costumo dizer que Minas Gerais, com 853 municípios, tem esse mesmo número de comandantes de polícia que nunca foram soldados”, afirmou Ribeiro à Agência Brasil.Há prefeitos, diz ele, que por exercer o poder local e bancar a segurança pública com a compra de viaturas e aluguel de imóveis, por exemplo, “passam a comandar as ações da polícia”.Segundo o sub-tenente, muitas vezes o policial fica impedido de agir, pois pode ser removido ou transferido de corporação. Ele destaca ainda que a interferência do poder político na atuação policial ocorre em municípios de todo o país.O MNSP cobra do governo federal uma legislação para defender os policiais e evitar que possam ser removidos facilmente, assim como “juízes e promotores”.O estudo Mapa da Violência, lançado na semana passada, aponta que 10% dos 5.560 municípios brasileiros são responsáveis por 90% dos homicídios no Brasil.  A pesquisa, elaborada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e a Cultura (OEI) com apoio do Ministério da Saúde, mostra também que, entre 1994 e 2004, cresceu a violência no interior.Na mesma entrevista, Luiz Gonzaga Ribeiro afirmou que os policiais também são vítimas de violação de direitos humanos.