Mulheres da Via Campesina ocupam usina de álcool no interior de São Paulo

07/03/2007 - 20h11

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Um grupo de mulheres da Via Campesina ocupou hoje (7) uma área da usina de álcool Central Energética Vale do Sapucaí (Cevasa), em Patrocínio Paulista, no interior de São Paulo. A ocupação fez parte de uma luta nacional das mulheres da Via Campesina “em defesa da vida e contra o agronegócio”. A ocupação ocorreu um dia antes das comemorações do Dia Internacional da Mulher e da chegada do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil. “A ação pretende mostrar que a produção de etanol a baixos custos para os Estados Unidos – motivo da visita de Bush ao Brasil – beneficia apenas o agronegócio, em detrimento dos interesses da sociedade brasileira e das necessidades da maioria da população”, diz nota do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O movimento estima que 900 mulheres tenham participado da ocupação."A usina da Cargill representa a nova reestruturação do capitalismo no campo, através do agronegócio", afirmou Maria Rodrigues, integrante da Via Campesina, durante encontro realizado à tarde, em São Paulo, para discutir a questão do biocombustível. Participaram do evento representantes de movimentos sociais do campo e da cidade.Maria Rodrigues disse que o objetivo da ocupação da usina foi demonstrar que “a luta pela vida, pela reforma agrária e pela defesa da agricultura familiar, que gera país 87% dos empregos no país, se contrapõe à monocultura da cana e do eucalipto, que gera apenas 2,5% dos empregos, além de gerar cinturões de fome e a violência”.Em nota, a Cevasa informa que a usina, que não estava em operação por causa do período da entressafra, foi “invadida por um grupo de cerca de 200 manifestantes” às 6 horas da manhã de hoje e diz que desconhece as razões da manifestação, embora esteja tomando as medidas jurídicas e providências cabíveis para assegurar a desocupação. Segundo informações da assessoria de imprensa da Cargill, multinacional e maior processadora de grãos do mundo, a empresa adquiriu 63% do capital da Cevasa há cerca de um ano. No final da tarde de hoje, segundo informações da assessoria de imprensa do MST, as manifestantes desocuparam a usina.