Brasil pode assegurar preços estáveis do álcool para o Japão, diz ministro

07/03/2007 - 17h57

Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto,assegurou hoje (7) a empresários japoneses que é perfeitamente possívelestabelecer critérios para estabilidade dos preços para exportação de álcoolpara Japão. A vulnerabilidade dos preços do produto brasileiro é uma dasprincipais preocupações dos japoneses para uma importação mais elevada e iniciaro processo de mistura do álcool à gasolina no país.De acordo com o ministro, a lei japonesa que autoriza aadição de 3% de álcool à gasolina foi aprovada há três anos e, desde então, oBrasil vem buscando assegurar que pode suprir a demanda e garantir preços.“Na hipótese de que o Japão passe a utilizar esses 3%,significa uma demanda de 1,8 bilhão de litros de álcool adicional no mercadomundial. Como no mercado mundial o Brasil é o único grande fornecedor, porqueos Estados Unidos são grandes produtores, mas consomem e ainda importam, éclaro que isso representa algo muito importante para o Brasil”, explicouGuedes. O líder da comitiva de 52 executivos de empresas japonesasque esteve hoje em Brasília com o ministro, presidente da Mitsui & Co e doComitê Econômico Brasil/Japão, Shoei Utsuda, afirmou estar tranqüiloquanto ao potencial brasileiro para o fornecimento de álcool ao mercado japonês. “Com a explicação do ministro, estamos convencidos de quenão há nenhum fator de indefinição quanto a um eventual fornecimento de etanolpara o Japão. Uma vez garantida a estabilidade dos preços, resta saber seexiste uma logística confiável, como estradas de ferro, de rodagem, transportemarítimo, para fazer com que o etanol chegue são e salvo ao Japão na mão doconsumidor. Havendo essa garantia, não há mais problemas”, disse.Diante da preocupação japonesa em relação à questãoambiental devido ao crescimento da plantação de cana, Guedes explicou que oBrasil não precisará derrubar nenhuma árvore para até triplicar a produção deálcool. “O Brasil não tem esse problema de competir alimentos versus energia.Temos condições de aumentar a produção de alimentos e ampliar,significativamente, a produção de energia”, enfatizou Guedes.“Destaquei o fato de que o Brasil, em termos relativos, é aregião do mundo que mais conservou biomas, 85% da floresta amazônica ainda éoriginal, 88% do pantanal ainda é original, 61% dos cerrados ainda são áreasoriginais. Isso não justifica que possamos diminuir essas aéreas, ao contrário,queremos preserva-las. O que procurei demonstrar é que as áreas já incorporadasao processo produtivo no Brasil, através da tecnologia existente, nos permitem,de forma sustentável, ampliar nossa produção de alimento e energiaagrícola”, afirmou Guedes.Na próxima sexta-feira (9), Guedes, acompanhado porempresários brasileiros, vai ao Japão para participar da Foodex, maior feira dealimentos e bebidas da Ásia. Na ocasião, o ministro irá reforçar o potencialbrasileiro para exportação de álcool combustível e também tentar abrir omercado japonês às importações de carne bovina do Brasil. Mesmo sendo o maiorcomprador mundial de carne de aves brasileiras, o Japão não importa carnebovina devido a rígidas exigências sanitárias.