Secretário do Acre e secretária do WWF apontam dificuldades de integração na Amazônia

04/03/2007 - 22h38

Gilberto Costa
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - A natureza aproxima, mas as questões institucionais epolíticas podem afastar. Essa é a opinião do secretário de Planejamento do Acre,Gilberto Siqueira, especialista em projetos de cooperação, sobre a necessidadeda integração e aproximação entre os países amazônicos. Ele comentou a declaraçãoda secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA),Rosália Arteaga Serrano, de que as questões ambientais não têm fronteiras e,portanto, a integração dos países da região é “um imperativo geográfico”. “O Brasil sempreandou de costas para os vizinhos sul-americanos, principalmente para os daAmazônia”, opina Siqueira. “A região sempre foi periferia. Nunca cuidamos dopotencial de contribuição econômica, social e científica.”“A Amazônia nunca foi nossa prioridade”, concorda a secretária-geralda organização não-governamental (ONG) WWF no Brasil, Denise Hamu. A entidade tambémtem escritórios próprios na Bolívia, Colômbia e Peru. Um escritório divide asatribuições na Guiana e no Suriname. Na Venezuela e no Equador a representaçãoé feita com outra entidade associada.Para Hamu, todos os países da Amazônia Continental padecemcom problemas de desmatamento, extração ilegal de madeiras, mineração, ocupaçãodesordenada e má-gestão dos recursos hídricos.  Gilberto Siqueira aponta para “problemas parecidos”entre os países, mas vê “diferenças na resolução e na capacidade de controlá-los”.Segundo ele, há diferenças na maturidade institucional e na legislação, emalguns países (caso do Brasil) mais rígida.A questão da “maturidade institucional” é reconhecida por RosáliaArteaga Serrano, da OTCA, que ressalta a dificuldades para os países produziremdados agregados sobre a região e para fazer monitoramento de seus territórios.O Brasil é o único que conta com sistemas de satélite que acompanham a evoluçãodo desmatamento.Para o secretário de planejamento do Acre, ainda hádissonâncias e conflitos, como acontece na fronteira do estado com o Peru porcausa das diferenças nas políticas de concessão de terra e para extração demadeira. “Mas temos isso aqui dentro do Brasil, entre os estados, como aconteceentre o Acre e Rondônia”, pondera.Denise Hamu lembra que as obras de infra-estrutura como apavimentação de estradas, ligações de gasoduto e a construção de hidrelétricas –a exemplo dos projetos de duas usinas no Rio Madeira (em fase de licenciamentoambiental) –, também são foco de divergência. Recentemente, a Bolívia solicitouque a construção das hidrelétricas no Rio Madeira venha a ser intermediada pelaOTCA, diz sua secretária-geral, Rosália Arteaga Serrano.Além da possibilidade de resolver conflitos e de ser “uminstrumento poderoso de integração”, a OTCA é reconhecida pela “boa vontade deouvir a sociedade civil e permitir que ela participem das suas políticas”,elogia Denise Hamu, do WWF.