Respeito ao homem e ao ambiente explica procura por orgânicos, diz sindicalista

04/03/2007 - 22h57

Gláucia Gomes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A procura crescente pelos produtos orgânicos se explica pelaexigência do mercado mundial de alimentos seguros e sem agrotóxicos, cujacadeia produtiva respeite o respeito ao meio ambiente e ao homem. A avaliação édo produto Joecarlo Viana Valle, presidente do Sindicato dos Produtores deOrgânicos do Distrito Federal (Sindiorgânicos).Valle diz que produção orgânica e agricultura familiarrepresentam “um casamento perfeito”, pois trabalha “o resgate da auto-estima doprodutor e tem o nome do produtor ligado ao produto”. Mas ele diz que o Brasilé sempre um destaque no agronegócio e constata que hoje grandes empresas egrandes áreas estão envolvidas na agricultura de orgânicos: “É o caso dacana-de-açúcar, com cerca de 30 mil hectares plantados em sistema orgânico deprodução”.O sindicalista explica que em países de Primeiro Mundo temganhado importância, além do selo de produto orgânico, o de responsabilidadesocial. Cita o caso de pequenos produtores de Poço Fundo (MG), que se uniram emcooperativa e estão, segundo ele, vivendo com qualidade, exportando produtoscom os dois selos.Há alguns anos, o produtor vendia seu próprio produto, mashoje “isso tem evoluído bastante”, relato de Joecarlo Viana Valle. Aindaexistem os produtores que fazem a vende direta, como no Sul, por exemplo. Masno Sudeste, diz, “é o mundo dos atravessadores”, onde empresas seespecializaram em ter produtores como fornecedores e só depois distribuem nomercado.No caso da exportação, o presidente do Sindiorgânicosconta que, no Distrito Federal, uma ação em conjunto com o Sebrae, a Empresa deAssistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o sindicato e a Federação deAgricultura e Pecuária está em curso para que vários pequenos produtores, pormeio de uma cooperativa, trabalhem na fruticultura. “O cooperativismo é agrande saída quando se trata de pequenos produtores”, afirma.Os hortifrutigranjeiros eram a grande força há cerca decinco anos para venda no mercado interno, diz Valle. Não havia tecnologia e aspessoas não conheciam muito bem o que era o produto orgânico. Segundo ele, osprimeiros produtos orgânicos a serem exportados foram café, soja, suco delaranja e açúcar. “Hoje, existem grandes feiras como a Mundo Orgânico, a BioBrasil Fair e a Biofach América Latina, com grandes expositores que vendemdesde refrigerantes e carne até roupas orgânicas.” Quanto ao preço, ele avalia que é visível a diminuiçãoda diferença em relação aos produtos não-orgânicos, e que isso se deve aodesenvolvimento tecnológico que está sendo aplicado no setor: “Perde-se menos,você planta e colhe aquela quantidade”. Muitas vezes, segundo ele, o queencarece o produto orgânico é a mão-de-obra – “emprega-se muito mais do que nosistema convencional”. “Apesar da aproximação, nunca vai haver uma equiparação de preços entreorgânicos e não-orgânicos, já que são produtos diferentes”, ressalva JoecarloViana Valle. Ele defende “uma atuação governamental incentivando os produtoresa entrar nesse novo mundo, para que haja maior sustentabilidade”.