Terceira chacina em menos de 40 dias deixa cinco mortos na Baixada Fluminense

04/03/2007 - 20h13

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Rio de Janeiro teve a terceira chacina em menos de 40 dias. Cincohomens, com idades entre 17 e 30 anos, foram mortos por volta de 22h30de ontem (3), no pátio de um Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) em Nova Iguaçu, na BaixadaFluminense. A escola fica aberta para a comunidade, que pode usar aquadra de esportes ou praticar jogos como pingue-pongue e xadrez.Odelegado que investiga o caso, Fábio Pacífico, acredita que o crimetenha sido cometido por um grupo de extermínio e praticamente descartaque esteja ligado à guerra entre traficantes. Segundo ele, só uma dasvítimas tinha passagem pela polícia.“É uma ação típica de grupode extermínio, pseudo-justiceiros que usam da violência para tentarimpor sua vontade à comunidade”, afirmou.Segundo odelegado, dois fatos cahamaram sua atenção: três das vítimas foramassassinadas com tiros na cabeça, quando já estavam dominadas, e nãoforam encontradas as cápsulas da munição usada, que podem ter sidorecolhidas pelos matadores para dificultar a investigação sobre aorigem do armamento.O delegado disse que eram oito matadores,que estavam encapuzados, e não descartaou a participação de policiaisno assassinato, mas disse que ainda é cedo para tirar conclusões. Asvítimas são Wilson Araújo de Andrade, 17 anos, Rafael Gomes Pereira,22, Carlos Eduardo da Silva Santos, 22, Reginaldo Melo da Silva, 24, eJacinaldo Mendes da Silva, 30.O secretário de Prevenção da Violência de Nova Iguaçu, LuizEduardo Soares, afirma que não tem dúvidas da participação depoliciais no grupo de extermínio. "Esses meninos estavam fazendobarulho e eventualmente poderiam estar consumindo drogas, transgressãocomum entre muitos jovens de todas as classes sociais. Aí os vizinhoschamaram o grupo de extermínio e terminou nessa tragédia", disse o ex-secretárionacional de Segurança.Soares, que está na secretaria deNova Iguaçu desde dezembro último, disse que só em 2006 os grupos de extermínioforam responsáveis pela morte de 45 pixadores na cidade, jovens quecostumam grafitar com tinta spray muros e monumentos. "A maior partedos crimes na Baixada é praticada por grupos de extermínio", denunciou.O deputado estadual Marcelo Freixo (P-SOL), integrante da Comissãodos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro disse que vaiconvocar uma audiência pública para tratar da atuação dos grupos de extermíniona Baixada.Nova Iguaçu é marcada por mais esta tragédia, às vésperas decompletar dois anos da maior chacina da história do estado". Em 31 demarço de 2005, em Nova Iguaçu e Queimados, um grupo de policiais matoualeatoriamente 29 pessoas, todas inocentes.As duas chacinas que aconteceram anteriormente foram nos dias 24 e 25 de janeiro, na zona norte da cidade doRio, quando foram mortas 11 pessoas, incluindo seteadolescentes com idades de 14 a 18 anos.