Oficial do Unicef critica ingresso precoce de jovens no mercado de trabalho brasileiro

04/03/2007 - 19h00

Irene Lôbo*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O oficial de Programas do Fundo dasNações Unidas para a Infância (Unicef), Mário Volpi, criticou oingresso precoce de jovens no mercado de trabalho no país. “O Brasil deveria sepreocupar em investir na formação do adolescente para que ele possaacessar o mercado de trabalho de uma forma mais consistente”.

Em entrevista à Agência Brasil,Volpi afirmou que o ingresso precoce no mercado de trabalho de um jovemque ainda não concluiu o ensino médio, "é uma política ineficaz", jáque o jovem não conseguirá se manter empregado.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (Pnad – IBGE), mostram que, dototal de jovens brasileiros com idade entre 15 e 24 anos, (cerca de35,1 milhões), 65,3% estão no mercado de trabalho e somente 46,8%estudam.

Sobre o programa Primeiro Emprego, doMinistério do Trabalho, ele afirnmou que o governo deveria seconcentrar mais na conclusão do ensino médio e no acesso ao ensinosuperior, para que o jovem consiga obter posições mais qualificadas nomercado de trabalho.

Segundo Volpi,existem no Brasil 8 milhões de jovens cujas famílias vivem com rendainferior a metade do salário mínimo. Esses jovens, segundo ele, têmentre três e cinco anos de escolaridade a menos do que deveriam, o queos transforma em 8 milhões de jovens com baixa renda e baixaescolaridade. 

“Se não houverinvestimentos do governo nesse universo, esses adolescentes vão migrarpara o mercado informal de trabalho, muitas vezes dentro daclandestinidade das tarefas, como o tráfico de drogas e o cometimentode pequenos delitos”.Para Volpi, o governo precisa investir nacapacitação e na garantia de que a juventude conclua o ensinofundamental, o médio, e tenha acesso a um curso de profissionalizaçãoou à universidade, para ingressar no mercado de trabalho de forma maisqualificada.