Agricultores familiares são maioria na produção de orgânicos

04/03/2007 - 16h51

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília (Brasil) - A Lei 10.831, que estabelece as normas de produção para osorgânicos, classifica os produtores em dois grupos: certificados e nãocertificados. Dos 20 mil projetos que obtiveram o selo de certificação, quegarante a autenticidade do produto, as empresas responsáveis por essa concessãoestimam que 90% sejam de pequenos agricultores.“Muitos desses são grupos de produtores”, comenta o assessortécnico da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do DesenvolvimentoAgrário, Jean-Pierre Medaets. “Então, na realidade, o número de famíliasproduzindo é muito maior do que 20 mil.” Quanto aos não-certificados, Medaets explicou que quase atotalidade também é formada por pequenos agricultores que optam pela vendadireta ao consumidor. “Nós podemos seguramente afirmar que no Centro-Sulqualquer cidade com mais de 100 mil habitantes tem, pelo menos, uma feiraagro-ecológica. Tem muitas cidades com mais de uma feira. É um fenômeno muitointeressante e não quantificado”, afirmou o técnico.   A atenção para o crescimento da culturaorgânica teve início, no Brasil, no fim da década de 70. Os movimentos pelaagricultura alternativa fortaleceram-se durante os anos 80 e, na década de 90,já tinham “a lógica empresarial de convivência com os supermercados que exige umapreparação muito grande”, segundo a descrição de Medaets.   Nesse sentido, a Secretaria de AgriculturaFamiliar avalia que a especialização do agricultor e a melhoria da qualidade doseu produto têm feito com que ele mude de clientela. “Notamos uma migraçãomuito grande de agricultores que vão ganhando patamar de qualidade e entrandona distribuição junto com os supermercados. O mercado externo demanda qualidadee menos promoção, o que é extremamente atrativo para os agricultoresfamiliares”, afirmou o assessor técnico.    Na opinião de Medaets, o Brasil estáentre os países considerados estratégicos para o crescimento das exportaçõesmundiais de produtos orgânicos. Hoje, outras nações, como a Alemanha,Inglaterra e Itália, Estados Unidos, Japão, Argentina, Austrália e Índia, já investemnesse segmento do agronegócio cuja tendência e de expansão.