Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A criação de menos empregos formais no país, quando se comparam dados de 2005 e 2006, não atrapalha as perspectivas para a geração de postos de trabalho este ano, avalia Paula Montagner, coordenadora do Observatório do Trabalho, ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego. "Não é exatamente uma desaceleração. Foram só 25 mil postos a menos", diz ela. "Isso representa só 0,04% de decréscimo em relação ao total", afirma Montagner. A analista lembra que, em 2006, houve um crescimento de 4,72% no número total de vagas formais no país. No ano anterior, o incremento tinha sido de 5%. A pequena variação, segundo ela, está relacionada a variações na safra da cana e a transição nos governos estaduais, que foram fenômenos específicos de 2006. "Há, de fato, muitos indícios positivos que apontam para uma situação melhor", afirma. "Ainda mais com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que tende a incentivar os investimentos privados", explica, em referência ao plano lançado pelo governo federal em janeiro.Na indústria, lembrou Montagner, houve crescimento no número de vagas geradas. Tinham sido 177,5 mil em 2005, e foram 250 mil postos a mais em 2006. "Apenas setores muito específicos, especialmente afetados pelo câmbio, é que tiveram retração", diz ela.Mesmo setores afetados pelo câmbio estão conseguindo se recuperar, lembra Montagner. O setor de calçados, por exemplo, um dos que tiveram maior queda no nível de emprego em função desses problemas, está redirecionando sua produção para o mercado interno e para os produtos populares, o que, segundo ela, já começa a se refletir em uma retomada das contratações. "Pólos como Novo Hamburgo (RS) e Franca (SP) é que ainda estão tendo mais dificuldades, porque concentravam a produção em calçados finos e nas exportações".