Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dono de um quinto da biodiversidade mundial, o Brasil ganhou hoje (8) umaferramenta para tirar proveito econômico, social e ambiental das cerca de 200mil espécies de plantas, animais e microorganismos registradas no país. Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto que cria o ComitêNacional de Biotecnologia e institui uma política específica para o setor.Segundo o governo, a nova política permitirá investimentos de R$ 10 bilhõesem biotecnologia no Brasil nos próximos dez anos. Desse total, 60% viriam derecursos públicos, tanto do Orçamento Geral da União como do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de fundos destinados ainvestimentos em pesquisa, ciência e tecnologia. Os 40% restantes viriam deparceiros privados.Quatro setores receberão investimentos: saúde, agropecuária, indústria emeio ambiente. “O que o governo fará é identificar a demanda e criarferramentas para transformar o conhecimento acumulado nas universidades emprodução industrial”, explica o secretário de Desenvolvimento Industrial doMinistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Antonio SergioMartins Mello.Com 17 membros de diversas esferas do governo federal, o Comitê Nacional deBiotecnologia vai gerenciar a política pública para a área e definir asprioridades. Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, o comitê é compostopor representantes da Casa Civil e de mais sete ministérios: Saúde, Ciência eTecnologia, Agricultura, Meio Ambiente, Educação, Desenvolvimento Agrário eJustiça.Também integram o comitê órgãos ligados ao desenvolvimento de pesquisas,como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a AgênciaBrasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).Instituições que ajudarão a financiar os projetos, como o BNDES e aFinanciadora de Estudos e Projetos (Finep) também farão parte do comitê. OInstituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) e a Agência Nacional deVigilância Sanitária (Anvisa) são os demais integrantes.O comitê vai trabalhar em conjunto com o Fórum de Competitividade emBiotecnologia. Formado por representantes do governo, da sociedade, dacomunidade acadêmica, das indústrias e dos trabalhadores, o fórum existe desde o final de 2004 e desenhou o modelo de produção biotecnológica brasileira. Nesse período,foram realizadas 54 reuniões que resultaram em dez estudos aprofundados sobreas áreas com maior potencial de desenvolvimento.Segundo a Associação Brasileira das Empresas deBiotecnologia (Abrabi), o faturamento anual do setor no país está estimadoentre R$ 5,4 bilhões e R$ 9 bilhões. Dos 28 mil postos de trabalho gerados, 84%estão em micro e pequenas empresas. “A gente quer constituir um parqueindustrial competitivo e capaz de aumentar a participação brasileira nocomércio internacional”, explica Mello.