Governo federal e produtores negociam solução para fim do embargo russo à carne de porco catarinense

22/11/2006 - 22h49

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Produtores de carne suína e autoridadesdo estado de Santa Catarina pediram hoje (22) maior empenho do governo federalpara derrubar o embargo imposto pela Rússia à exportação do produto. Segundo o governador Eduardo Pinho Moreira, abarreira fitossanitária imposta em 12 de dezembro de 2005 já resultou emprejuízos, para o estado, da ordem de US$ 265 milhões. “É uma crise grave, dereflexos profundos. Os produtores querem uma solução imediata porque não podemcontinuar com essa atividade econômica, muitos já faliram e outros estão nessecaminho”, afirmou.Ele explicou que os ministérios da Agricultura e doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior assumiram doiscompromissos: intensificar as ações junto à vigilância sanitária russa eaumentar a pauta de importações do Brasil para a Rússia e vincular este aumentoà compra de carne de porco de Santa Catarina. “Fertilizantes , helicópteros eoutros produtos estarão na mesa de negociação nas próximas semanas”, relatou ogovernador ao final de reunião com o secretáriode Comércio Exterior, Ivan Ramalho, o ministro da Agricultura, Luiz EduardoGuedes, além de outros integrantes dos ministérios e do governo catarinense.  No começo de dezembro, o chefe do serviço de veterinária daRússia irá a Santa Catarina para verificar os cuidados do estado com sanidadeanimal. “É um enigma porque a Rússia não compra carne de porco de SantaCatarina”, disse o governador. O ministro Luiz Eduardo Guedes também diz quenão há motivos para o embargo.”Para nós é algo difícil de compreender porque éo estado com melhor situação sanitária do Brasil”, declarou antes da reunião.“Já fizemos tudo o que estava ao nosso alcance”, afirmou. Os russos jálevantaram o embargo imposto aos estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso.Santa Catarina é o maior produtor e exportador de carnesuína do país – responde por 25% da produção e 30% das exportações do produto.A Rússia é o principal destino. “Exportamos para mais de 30 países mas oprincipal cliente é a Rússia. Entre 50% e 60% das exportações vão para lá, porisso nossa angústia”, afirmou o presidente da Associação Catarinense deCriadores de Suínos, Wolmir de Souza. Ele confirmou que uma das razões do embargo seria o desequilíbrio na balançacomercial bilateral e explicou que para cada US$ 5 exportados para a Rússia, o Brasil importa US$ 1 daquele país. Nesse ano, até setembro, o Brasilexportou US$ 2,313 bilhões para a Rússia, sendo US$ 201 milhões só no mês desetembro. O produto brasileiro mais vendido a esse país foi o açúcar em bruto(US$ 894 milhões), seguido de carne de bovino congelada (US$ 397 milhões) e decarne suína (US$ 335 milhões).Em cerca de 60 dias uma missão brasileira deverá ir àRússia negociar o fim do embargo. O ministro de Desenvolvimento, Industria eComércio Exterior já esteve lá entre os dias 12 e 15 deste mês.