Entrevista 1 - Federação pode reunir TVs Públicas, avalia representante das emissoras Universitárias

22/11/2006 - 23h26

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Associação Brasileira de Televisões Universitárias (ABTU) representa atualmente 51 emissoras em todo o país, mantidas por instituições públicas e privadas. A maior parte delas surgiu depois de 1995 e é resultado da aprovação da lei que regulamenta o serviço de TV a cabo no Brasil. A primeira emissora universitária, no entanto, data de 1968 e surge em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco, com o objetivo de promover a educação pela televisão. A ABTU é uma das associações participantes do 1º Fórum Brasileiro de TVs Públicas (leia manifesto), convocado pelo Ministério da Cultura, em parceria com a Radiobrás e a TVE Brasil, e apoio do Gabinete da Presidência da República e da Casa Civil (saiba mais sobre o Fórum). Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da associação das emissoras universitárias, Gabriel Priolli discorre sobre os principais problemas da televisão não-comercial, lista sugestões para revertê-los e defende a união do campo público.Ele também fala sobre um modelo ideal de financiamento, defende a veiculação de peças publicitárias, a criação de um fundo nacional das TVs públicas e pede mudanças na legislação vigente que, elaborada ainda na década de sessenta, não representaria mais a realidade das mídias.Desde terça (22), até amanhã, a Agência Brasil vem oferendo entrevistas com todos os presidentes das associações envolvidas no Fórum de TVs Públicas, cuja etapa final ocorre em fevereiro de 2007. No primeiro dia, ouvimos a Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral). Ontem, a representação das emissoras comunitárias e amanhã é a vez da Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec).Leia também: Entrevista 2 - É preciso diferenciar estatais das de finalidade públicaEntrevista 3 - Ministério das Comunicações não pensa questão amplamenteAgência Brasil: Como a falta de integração entre as TVs públicas nacionais pode ser melhorada ou até mesmo sanada?Gabriel Priolli: Estamos buscando formas de melhorar essa desintegração. Fizemos, no ano passado, um protocolo de intenções assinado pela Abepec, ABTU, Astral e ABCCom propondo soluções conjuntas para os problemas em comum para caminharmos para uma entidade futura, uma federação que possa ser articuladora sem que os diversos segmentos percam suas particularidades.ABr: O que contribuiu para que as TVs chegassem a esse nível de “desintegração”, falta de apoio governamental ou de um posicionamento da sociedade ajudaram?Priolli: A TV Educativa é a mais tradicional e se desenvolve há 35 anos. A partir de 1995, com o surgimento da Lei da TV a Cabo, a criação de canais legislativos, comunitários e universitários foi se desenvolvendo. É um processo relativamente novo e os canais estavam ainda muito focados na sua problemática interna. Agora que os principais problemas de infra-estrutura e arrumação da cozinha já estão equacionados, precisamos enfrentar as grandes questões comuns a todos. A gente se recente da falta de um apoio maior do poder público e uma visão um pouco melhor da sociedade em relação aos canais.ABr: Além da criação de uma federação, o que mais pode ajudar? A integração de conteúdos é uma conseqüência ou poderia ser um primeiro passo?Priolli: Já existem co-produções e projetos em conjunto. O principal, na verdade, é fazer com que haja uma visibilidade maior da TV pública para a sociedade brasileira compreender com precisão o que significa esse sistema de comunicação. Estamos falando de quase 200 canais geradores de conteúdo e mais de mil canais repetidores de conteúdo. É uma estrutura de comunicação poderosa se pensada no seu conjunto.