Presidente da Febem-SP diz que instituição já mudou e relatório não reflete mais a realidade

26/04/2006 - 13h39

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A presidente da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor de São Paulo (Febem-SP), Berenice Maria Gianella, disse que a realidade mostrada no relatório "O trabalho dos monitores da Febem" faz referências a unidades que já foram desativadas, como as de Franco da Rocha e Imigrantes.

A pesquisa foi elaborada pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego, em parceria com a prefeitura de São Paulo, a Delegacia Regional do Trabalho e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Estado de São Paulo e do bairro da Moóca (zona leste paulistana).

O levantamento foi feito entre o final de 2003 até 2005, quando foram entrevistados funcionários de diversas unidades, entre homens e mulheres, em diferentes funções, turnos e tempo de permanência nas unidades

Gianella afirmou que "muita coisa" foi alterada desde que o estudo foi feito. "É importante pontuar também que lidar com adolescentes não é fácil nem mesmo em salas de aula comuns, e que os agentes entram na Febem sabendo que enfrentarão situações diárias estressantes", observou.

Segundo ela, o período de um mês para a capacitação dos funcionários é mais do que suficiente para o treinamento dos monitores egressos na instituição. "Até porque eles passam por um concurso que é sério e difícil, e a partir daí há a capacitação", afirmou. "Eles visitam as unidades, têm orientações, mas realmente será no dia-a-dia, com a colaboração da chefia que ele vai se acostumando ao trabalho dele", acrescentou.

Sobre a jornada de trabalho de 12 horas, um dos itens apontados pelos elaboradores da pesquisa como agravantes da situação da Febem-SP, Gianella informou que não há possibilidade de ser alterada até que se faça um novo acordo coletivo de trabalho.

A presidente da Febem disse ainda que não falta o material necessário para a aplicação das atividades. Segundo ela, os internos têm cinco horas de aulas diárias, que incluem educação física, informática, música e arte, além de cursos profissionalizantes. "Eles têm bastante oportunidade para jogar fora a energia acumulada. O papel do monitor, quando a unidade funciona bem, é simplesmente acompanhar o adolescente", afirmou, acrescentando que a falta de material, quando ocorre, "é pontual e resolvida imediatamente".

Sobre o termo de compromisso de ajustamento de conduta, firmado em novembro passado com o Ministério Público Federal, Gianella ressaltou que a Febem-SP tem capacidade para cumpri-lo. O termo determina a adoção de medidas para melhorar as condições de trabalho nas unidades da instituição. "Vamos cumprir, até porque é um compromisso da Febem, e se não cumprirmos existe multa diária. Pedimos um prazo maior, porque precisamos fazer concursos para contratar médicos do trabalho, que os temos em número reduzido para poder tomar todas as providências", disse.