Spensy Pimentel
Enviado especial

Porto Alegre - A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) alerta: se prevalecer a atual tendência internacional de desmonte das políticas de apoio à agricultura, o mundo pode chegar a 2015 com quase 1 bilhão de famintos.

Em 2000, a Conferência do Milênio, realizada pelas Nações Unidas, estabeleceu consenso entre chefes de Estado e de governo de mais de 180 países em relação à meta de reduzir pela metade a pobreza e a fome no mundo em 15 anos. Segundo os cálculos de Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, no ritmo atual, 100 milhões de pessoas se somarão em 2015 aos 852 milhões de famintos do mundo, e a meta do Milênio será alcançada em 2150 – daqui a 144 anos.

Diouf fez o alerta hoje (7) pela manhã, durante a 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural. "Não é que não sabemos o que fazer. Nós sabemos. É um problema de vontade política", disse. Segundo ele, nos anos 90, em todo o mundo, o valor destinado ao apoio à agricultura teve queda de 50%.

Ontem (6), o diretor se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para agradecer o apoio à realização da conferência em Porto Alegre e acertar detalhes sobre a cooperação do país com a Organização. "Com o Brasil e os brasileiros ao nosso lado, a FAO ganhará a luta contra a fome", disse Diouf hoje, durante a sessão que homenageou o agrônomo brasileiro José Gomes da Silva.