Juiz militar gaúcho abre mais de 40 documentos sigilosos da ditadura

13/12/2004 - 21h09

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre - O presidente do Acervo da Luta Contra a Ditadura e juiz do Tribunal Militar do Rio Grande do Sul, João Carlos Bona Garcia, abriu hoje mais de 40 documentos gaúchos do período do regime militar. A maioria dos papéis data da década de 70, são de caráter confidencial e sigiloso e pertencem ao Ministério do Exército – 3ª Região Militar.

Os arquivos, mantidos em sigilo por décadas, possuem informações sobre mortos, textos censurados, refugiados e pessoas banidas do país. Contêm, ainda, nomes e rotas de presos políticos, informações sobre atividades estudantis e artísticas e relatos sobre sermões religiosos.

Bona Garcia disse que o material revela o clima de guerra contra a democracia, vivido pelo país, quando setores da sociedade civil eram inimigos do governo brasileiro. "Para silenciar esse inimigo, tiveram que prender, seqüestrar, torturar, matar e banir pessoas, e tiveram que esconder a própria história dessas pessoas".

Ele destacou ainda que hoje o país vive numa outra situação, num regime democrático. "Nós esperamos que agora o país possa virar mais essa página, olhar o futuro e construir uma grande nação".

A iniciativa de divulgar os documentos gaúchos referentes à ditadura militar é da Secretaria Estadual de Cultura e Comissão do Acervo da Luta Contra a Ditadura. O material estará disponível aos interessados a partir da próxima quinta-feira (16), no Memorial do Estado do Rio Grande do Sul.