Em marcha a Brasília, três mil trabalhadores dividem um único banheiro

13/12/2004 - 19h13

Lílian de Macedo
repórter da Agência Brasil

Brasília - Um banheiro para três mil pessoas. É esta a situação dos trabalhadores que participam da Marcha Nacional do Salário Mínimo em Brasília. Homens e mulheres dividem um banheiro e dormem no chão de galpões e barracas na Associação dos Servidores do Ministério da Educação e da Cultura (Asmec). Tudo isso em nome de um salário mínimo de R$ 320 e da correção da tabela do imposto de renda.

Mas eles não reclamam da falta de conforto e estrutura. A sindicalista Carla Poso, por exemplo, deixou a filha Beatriz, de 8 anos, em Mogi das Cruzes, São Paulo, em nome da causa. "Eu, como mãe, acredito em um mundo melhor para minha filha. Por isso eu acho que isto vale a pena", explica.

O gaúcho Daniel Trindade viajou 36 horas entre Pelotas e Brasília. E também não reclama. De acordo com ele, todo o esforço vale a pena para defender os interesses dos trabalhadores. "O maior objetivo nosso já foi conquistado, que é a integração de todas as centrais sindicais rumo a Brasília. Vamos levar nosso descontentamento ao governo em relação ao salário mínimo", explica.

Nem todo mundo, porém, coloca a luta em primeiro lugar. O pernambucano Edmilson Simões, por exemplo. "Eu passei 48 horas para chegar aqui e quando chego passo por uma situação destas: dormindo em colchões no chão. Mas o pior é a água. É imunda", descreve.

A marcha teve início nesta segunda-feira, na cidade de Valparaíso (GO), a 40 km de Brasília. Os trabalhadores devem chegar à Esplanada dos Ministérios na quarta-feira.