Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje que, entre as duas propostas apresentadas na Organização das Nações Unidas (ONU) para reforma do Conselho de Segurança, a que cria mais seis assentos é a mais condizente com o momento atual e com o
multilateralismo.
A primeira proposta, chamada de "hipótese A", é a que mais interessa ao Brasil, forte candidato a ocupar uma das seis cadeiras. A "hipótese B", para Amorim, "vai criar muito mais atrito e dificuldade do que a A". Pela segunda hipótese, seriam abertas mais oito vagas, mas semipermanentes, com novas eleições a cada quatro anos.
Amorim criticou, no entanto, o fato de, mesmo na primeira opção, os novos membros não terem direito a veto. "Cria-se uma diferença e toda diferença não é positiva", disse. O ministro defendeu ainda a redução do poder de veto dos atuais membros permanentes. "Não vamos dizer que eles vão renunciar ao veto, porque isso eles não vão fazer. Mas é importante que se mantenha o estímulo para que eles usem cada vez menos e cada vez com mais noção de que não se pode vetar. Porque o veto foi pensado para evitar que uma decisão da ONU acabasse tendo efeito contrário, que provocasse uma guerra mundial. O que acontece é que o veto é usado para outras questões", comentou.
A ampliação do Conselho de Segurança faz parte de um relatório contendo mais de 100 propostas apresentadas hoje por uma comissão de notáveis ao secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, tratando da reforma da organismo. "O resultado do painel é um passo positivo. Detecta algo que estamos dizendo há muito tempo, que a estrutura do Conselho de Segurança é
anacronística e, portanto, não deixa o conselho em condições de enfrentar os desafios do momento atual e, fundamentalmente, de afirmar o multilateralismo, que para nós é absolutamente
essencial", disse Amorim.